Televisão

Festival da Canção: Salvador Sobral regressa para apoiar amigo que come uma banana em direto

Foram 13 temas, na sua maioria, a ‘roçar’ o estilo da canção de Salvador Sobral mas muito mais alternativos. Há exceções, claro, no entanto o facto de termos visto, ontem à noite, o vencedor da Eurovisão a surgir do nada na ‘green room’, sentado ao lado de Janeiro, sua escolha para esta edição do Festival, já nos fazia prever que iríamos reviver algo do passado.

E assim foi: Janeiro venceu a votação do júri – tal como Sobral – e reagiu às perguntas de Inês Lopes Gonçalves (apresentadora na ‘green room’) com um ar pseudo-intelectual que até faz constranger o seu “mentor”. Tudo enquanto descascava e comia uma banana em direto. Um momento péssimo de televisão.

Já agora, o televoto não achou que a sua canção, intitulada precisamente “(sem título)”, fosse a vencedora da noite, dando-lhe apenas 4 pontos.

Caso não tenha percebido, estamos a falar da primeira semifinal do Festival da Canção transmitida no domingo à noite. A antecipação foi muita, até porque a RTP ainda está numa onda de que descobriu a fórmula do sucesso no ano passado, portanto em 2018 toca de seguir o mesmo caminho.

Mas o que o programa de ontem mostrou é que um raio nunca cai no mesmo sítio duas vezes. Ou seja, o golpe de sorte/novidade/simplicidade que fez “Amar pelos Dois” vencer a Eurovisão não é passível de ser imitado. E, pelo caminho seguido ontem, das duas uma: ou ficamos em último com zero pontos ou ficamos em último com alguns pontos.

O desfile das canções foi um pouco penoso. Pelo menos para quem, como nós público, as ouvimos pela primeira vez. E logo aí já dá para perceber as diferenças de escolhas entre o televoto e o júri: é que os profissionais ouvem os temas previamente e as vezes que quiserem. Podem habituar-se às canções e nós não. Ou gostamos, ou não gostamos.

Assim sendo, estas foram as votações díspares da equipa de profissionais e das chamadas telefónicas:

Júri
1 ponto – Canção número 8 “O Som da Guitarra É a Alma de Um Povo” (José Cid)
2 pontos – Canção número 2 “Sem Medo” (Jorge Palma, interpretada por Rui David)
3 pontos – Canção número 4 “Para Te Dar Abrigo” (Fernando Tordo, interpretada por Anabela)
4 pontos – Canção número 3 “Eu Te Amo” (Mallu Magalhães, interpretada por Beatriz Pessoa)
5 pontos – Canção número 6 “Zero a Zero” (Benjamim, interpretada por Joana Espadinha)
6 pontos – Canção número 12 “Alvoroço” (JP Simões)
7 pontos – Canção número 9 “Anda Estragar-me os Planos” (Francisca Cortesão, interpretada por Joana Barra Vaz)
8 pontos – Canção número 5 “Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada” (Júlio Resende, interpretada por Catarina Miranda)
10 pontos – Canção número 10 “Só Por Ela” (Diogo Clemente, interpretada por Peu Madureira)
12 pontos – Canção número 7 “(sem título)” (Janeiro)

Televoto
1 ponto – Canção número 9 “Anda Estragar-me os Planos” (Francisca Cortesão, interpretada por Joana Barra Vaz)
2 pontos – Canção número 6 “Zero a Zero” (Benjamim, interpretada por Joana Espadinha)
3 pontos – Canção número 11 “Com Gosto Amigo” (Rita Dias)
4 pontos – Canção número 7 “(sem título)” (Janeiro)
5 pontos – Canção número 2 “Sem Medo” (Jorge Palma, interpretada por Rui David)
6 pontos – Canção número 8 “O Som da Guitarra É a Alma de Um Povo” (José Cid)
7 pontos – Canção número 3 “Eu Te Amo” (Mallu Magalhães, interpretada por Beatriz Pessoa)
8 pontos – Canção número 5 “Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada” (Júlio Resende, interpretada por Catarina Miranda)
10 pontos – Canção número 4 “Para Te Dar Abrigo” (Fernando Tordo, interpretada por Anabela)
12 pontos – Canção número 10 “Só Por Ela” (Diogo Clemente, interpretada por Peu Madureira)

Como eram 13 temas e só 10 eram votados – quer pelos jurados, quer pelos telespectadores – é natural que note a ausência de algumas músicas nestas votações. Foi o caso de “Austrália” (Nuno Rafael, interpretada por Bruno Vasconcelos) e “A Mesma Canção” (Paulo Praça, interpretada por Maria Amaral) que ficaram com zero pontos.

Houve ainda um empate entre “O Som da Guitarra É a Alma de Um Povo”, “Sem Medo” e “Zero a Zero”, que ficaram com sete pontos após as duas votações. Como em caso de empate, os jurados desempatavam, foi isso que aconteceu e “Zero a Zero” é finalista.

Esta foi a classificação geral:
1.º lugar – “Só Por Ela”
2.º lugar – “(sem título)
3.º lugar – “Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada”
4.º lugar – “Para Te Dar Abrigo”
5.º lugar – “Eu Te Amo”
6.º lugar – “Anda Estragar-me os Planos”
7.º lugar – “Zero a Zero”

Jorge Gabriel e José Carlos Malato cumpriram bem o seu papel de anfitriões. Na próxima semana é a vez de Sónia Araújo e Tânia Ribas de Oliveira.

Destaque ainda para as homenagens musicais feitas a Madalena Iglésias, que morreu em janeiro, a Carlos Paião, que deixou um vasto legado no festival, e a Dina, que abandonou os palcos devido a uma fibrose pulmonar.

Durante e principalmente após as três horas de festival, as reações dos fãs são quase idênticas às do ano passado, mas bem menos inflamadas. Quer dizer, se não contarmos com aquele momento da banana.

Agora todas as esperanças estão postas na segunda semifinal, com nomes bem sonantes a participar como Capicua, Diogo Piçarra, Miguel Ângelo, João Afonso e Tito Paris.

É que ontem a RTP não tinha grande concorrência, tamanha a expectativa criada entre o público. Mas no dia 25, a repetir-se o tom monocórdico da primeira semifinal, é bem provável que percam audiências para a estreia de ‘Casa dos Segredos’ com Goucha na TVI.

De qualquer forma, Portugal já está na final da Eurovisão por ter vencido no ano passado. Isso já ninguém nos tira.

Fotos: Reprodução e RTP