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Morreu o fadista Carlos do Carmo

O cantor Carlos do Carlos morreu na manhã desta sexta-feira, 1 de janeiro, no hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde tinha dado entrada ontem com um aneurisma da aorta abdominal. Tinha 81 anos e 58 de carreira.

Filho de Alfredo de Almeida, comerciante de livros e, posteriormente, proprietário da casa de fados O Faia, e de sua mulher, a fadista Lucília do Carmo, Carlos do Carmo nasceu na Maternidade Magalhães Coutinho, em Lisboa e passou a infância no bairro da Bica.

Estudou no Liceu Passos Manuel, antes de partir, com 15 anos de idade, para a Suíça. Neste país frequentou o Institut auf dem Rosenberg, um colégio alemão situado durante três anos, tendo oportunidade de estudar línguas estrangeiras, tornando-se fluente em francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Depois, já em Genebra, obteve um diploma em Gestão Hoteleira.

O surgimento de Carlos do Carmo como fadista dá-se após gravar com Mário Simões uma versão de Loucura, fado de Júlio de Sousa, interpretado também por Lucília do Carmo, sua mãe. O fadista afirmava que escolheu o Loucura porque era o único fado de que sabia a letra. Se bem que habituado a ouvir o Fado desde criança, quer na voz de sua mãe, quer na voz de outros intérpretes, como os fadistas populares que ouvia nas verbenas de Lisboa ou dos artistas que passavam pel’O Faia.

Em 1967, a Casa da Imprensa distingue-o com o prémio Melhor Intérprete e, em 1970, atribui-lhe o prémio Pozal Domingues de Melhor Disco do Ano, para o seu primeiro álbum, intitulado O Fado de Carlos do Carmo.

Seria o início de uma das mais exemplares carreiras do panorama musical português, em geral, e do Fado, em particular.

Ainda em 1964, casou com Maria Judite de Sousa Leal, com quem teve três filhos, Cila do Carmo, Becas do Carmo e Gil do Carmo.

No início de 2019, anunciou pôr fim à carreira, que já contava com mais de meio século de existência. Depois do anúncio encheu uma última vez os dois coliseus, do Porto e de Lisboa, com concertos de despedida.

“Será o ano da despedida, sem amarguras, sem azedumes”, disse na altura. “Será o ano da despedida com muita, muita, muita gratidão a todas as pessoas que me têm dado ao longo da vida tantas, tantas alegrias e tanta generosidade”.

Foi distinguido com vários prémios, entre os quais a “Grande Médaille de Vermeil” da cidade de Paris, “a mais alta distinção” da capital francesa, e em 2016 foi-lhe atribuído o título de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, da Presidência da República.

No ano em que acabaria por anunciar o fim da carreira, foi-lhe atribuído o Prémio Vasco Graça Moura — Cidadania Cultural 2020..