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Incêndios de verão preocupam agora no inverno

A falta de vegetação para segurar as terras e potenciais inundações nas zonas onde ocorreram os maiores fogos. São estes os problemas que os bombeiros mais temem no inverno.

É que os incêndios que deflagraram um pouco por todo o país este verão, consumindo um total de 150 mil hectares, deixaram os terrenos suscetíveis a aluimentos e infiltrações nos lençóis de água.

O alerta foi dado por um especialista do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais ao jornal ‘Diário de Notícias’.

Xavier Viegas lembrou ainda que continua a haver “pouca consciência das pessoas”.

Isto relativamente à devastação deixada pelos fogos e à forte possibilidade de vir aí um inverno muito chuvoso.

A fase Charlie, fase mais crítica de incêndios que começou a 1 de julho, terminou este sábado, 15 de outubro. O balanço é devastador: 150 364 hectares queimados (sendo que a média é de 70 862), segundo o relatório provisório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Um valor a que apenas se aproximou o ano 2013 (149 mil hectares queimados), embora ainda longe de 2003 (400 mil hectares) e 2005 (340 mil).

No entanto, o suficiente para se incluir no período mais problemático da década, contabilizando uma área ardida que mais que duplicou a média dos últimos dez anos.

“Metade do flagelo já passou, agora vem a segunda parte”, disse Rui Silva, presidente da Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários (APBV), referindo-se ao impacto da decomposição orgânica da matéria que ardeu.

“Vamos ter grandes quantidades a correr para os rios, deslizamentos de terras, erosão dos solos. Vêm aí grandes prejuízos ambientais com efeitos prolongados no tempo”, explicou.

Também o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, prevê um inverno com “situações muito graves”.