Gilda Mendes

Empresária e Gestora de Eventos

Coisas da vida

A vida é cheia de coisas e há muitas coisas cheias de vida!

Absorvemo-nos tanto no nosso dia a dia que vivemos só para o que se passa à nossa volta e esquecemo-nos que há tantas outras coisas, com vida, que andam por ai.

O mundo gira mais um bocadinho todos os dias, perdemos um dia de vida, todos os dias e nem assim acordamos para a urgência em aproveitá-los da melhor maneira que conseguirmos. Amanhã podemos não conseguir fazer tantas coisas que até hoje nem púnhamos em questão a naturalidade com que as fazíamos.

Li há uns dias que é nos momentos mais difíceis das nossas vidas que mais aprendemos. Naqueles que somos felizes não aprendemos nada de jeito. Absorvemos. É bem verdade.

Julgo que quase todos já ouvimos que são as experiências que fazem de nós o que somos. E de facto as que nos fazem sofrer, aquelas que não conseguimos controlar, fazem-nos lidar com um sentimento de impotência, muitas vezes irrascível, mas que nos obriga a viver qualquer sofrimento e ter que lidar com isso da melhor forma que conseguimos. Mas lidar. Faz parte.

Perdi pessoas muito importantes para mim nos últimos anos, num período muito curto de tempo, sem conseguir perceber muito bem como gerir as várias emoções que explodem dentro de nós e lidar com elas no normal dia a dia.

É mesmo isso, dia a dia, sem esquecer que cada um deles está cheio de coisas que podem ser vistas de forma muito diferente. Um bocadinho como a história do copo ser meio cheio ou meio vazio. São os nossos olhos que vêm de maneira diferente. Muitas vezes, tendenciosos, não nos ajudam a ver aquela luz ao fundo do túnel e até nos questionamos se é a luz da saída ou um comboio mesmo na nossa direcção.

Não adianta muito pensar demais, é lidar, dia a dia. Com a certeza que há tantas coisas boas por ai, temos que treinar os olhos, os ouvidos e o resto do equipamento…Se não o fizermos ele estraga-se na certa e não vamos a tempo de o usar da melhor forma que conseguimos.

“A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito”* Ainda não há pozinhos de felicidade à venda online, há umas coisas que dizem fazer o mesmo efeito lá isso é verdade, mas mais vale prevenir e procurá-la por meio próprios. Quanto à dor, já que não a escolhemos (a maior parte das vezes) vem sem termos grande voto na matéria, já cá está, por isso mais vale aproveitar a robustez que dá ao espírito para o tornar mais resistente.

Há tantas coisas cheias de vida e a vida é cheia de coisas! Amealhá-las é o que está a dar!

* Marcel Proust

“- Até que o espírito da criança seja essas coisas sugeridas e que a soma dessas coisas sugeridas seja o espírito da criança. E não apenas o espírito da criança, mas igualmente o espírito do adulto, e para toda a vida. O espírito que julga, deseja e decide, constituído por essas coisas sugeridas. Mas todas essas coisas sugeridas são aquelas que nós sugerimos, nós!” In “Admirável Mundo Novo” Aldous Huxley