Gilda Mendes

Empresária e Gestora de Eventos

Focos condicionados

Já se sentiram condicionados a determinadas opções, reações ou tomar decisões que não sabem muito bem porquê?

A nossa consciente inconsciência é das coisas mais fascinantes.

Desde aquela sensação de passar um dia inteiro a cantarolar uma música que não fazemos ideia onde raio é que a ouvimos, até decisões importantes da nossa vida condicionados por aquilo que vamos vivendo.

Se tiveram oportunidade de ver o filme “Focus” lembram-se, certamente, do plano pormenorizado “à filme” claro está, de afinadíssimos detalhes onde aparece o mesmo número, vezes sem conta, para levar alguém a tomar uma determinada decisão. No caso todos os caminhos vão dar ao número 55. Desde manifestações pelas ruas onde aparece sempre o mesmo, a ínfimos 55 que lhe passavam pelos olhos e “pelos ouvidos”, até uma tatuagem do número no fundo costas de uma prostituta (deve ter estado a olhar para ela durante um tempo…) Sem surpresas quando chegou à “hora H” e foi preciso tomar uma decisão (julgo que 2 dias depois) … 55 pois bem.

Todos os dias somos condicionados. A publicidade explora os nossos sentidos várias vezes ao dia.

É mesmo ao modo do “inconveniente” Aldous Huxley no Admirável Mundo Novo que tão perto estava dos nossos dias mesmo há umas décadas atrás. Bebés criados em provetas fruto de óvulos divididos e multiplicados até não ser possível mais. Crianças que nascem com o destino traçado enquanto classe social que integram e papel na sociedade a explorar… mas que o mais curioso é estarem bem confortáveis nos seus papéis. Condicionados ao mais alto nível com sons gravados durante as noites de sono sempre acompanhados de vozes que relembram os seus papéis e como é bom ser rico ou pobre, ter profissões mais ou menos reconhecidas.

Não será mesmo o que acontece? Não estamos nós num caminho onde já vemos estes trilhos em alguns dos “nossos lugares”? No fundo é mesmo isso… acreditamos no que nos levam a acreditar, somos condicionados todos os dias sem nos apercebermos disso a maior parte das vezes.

Questionem. Vejam os pormenores dos dias e como é curiosa a nossa consciente inconsciência.

“- Eles crescerão com aquilo a que os psicólogos chamam um ódio «instintivo» aos livros e às flores. Reflexos inalteravelmente condicionados. Nada quererão com a literatura e com a botânica durante toda a vida. – O Director voltou-se para as enfermeiras: – Podem levá-los.” In “Admirável Mundo Novo” Aldous Huxley