Oito meses depois da vitória inédita de Portugal no Festival da Eurovisão, o assunto ainda continua a ser comentado.
Luísa Sobral chegou a dizer, no documentário emitido na RTP no final do ano passado, que ela e o irmão tinham sido os ‘responsáveis’ por um novo 25 de abril, pois agora em vez de se perguntar às pessoas “onde estava no 25 de abril?”, questiona-se “onde é que estava quando Salvador Sobral venceu a Eurovisão?”
Pois foi isso mesmo que perguntaram a Jel, humorista e músico. O artista, que com o irmão Vasco Duarte, fazia parte dos ‘Homens da Luta’, dupla que representou Portugal no festival de 2011, recordou tudo numa entrevista à SIC Notícias.
“Fiquei muito contente com a vitória do Salvador Sobral. Do género, quando o Sporting ganha uma final. Uma coisa de emoção mesmo”, disse Jel numa entrevista transmitida este domingo, 14 de janeiro.
O artista falava no ‘Cartaz Cultural’ sobre o espetáculo que se vai realizar no próximo dia 16 na Altice Arena, Lisboa, precisamente o recinto que vai receber a Eurovisão deste ano.
No caso dos Homens da Luta, que venceram o festival da canção com ‘A Luta é Alegria’, tiveram de viajar até Düsseldorf, na Alemanha.
Com uma música interventiva que pouco ou nada foi apreciada pelos estrangeiros, nem pelos portugueses que ainda sentem ‘vergonha’ por tamanha atuação, Jel confessou que se sentiu ‘vingado’ com a vitória de Salvador.
“Nós que éramos um número de comédia e um bocado de deboche sentimos um bocado na pele como todo o universo festivaleiro metia Portugal um bocado à margem. Não sei se era propositado, mas acontecia”, lembrou, acrescentando ainda que o país também “não entrava na política do festival”.
“É um dos maiores eventos televisivos do mundo a par do Super Bowl. Sentimos que éramos de um país pequeno. E daí deu-me mais gozo o Salvador ganhar. Foi o anti-herói. Fez anti-marketing e fez-me rir muito. Ele tem sentido de humor”, continuou.
“A vitória dele se calhar fez o pessoal do Festival entrar em auto-crítica, tal como o humor”, frisou.
‘A Luta é Alegria’, com letra de Jel e música de Vasco Duarte, teve apenas 22 pontos na primeira semifinal da Eurovisão, ficando no 18º lugar e não conseguindo levar Portugal à final.
Hoje em dia, Jel descarta um regresso da dupla. “Os Homens da Luta tiveram o seu tempo e saíram em alta. Fizeram sentido naquela altura. Ainda bem que já passou essa época de crise e muita tragédia a acontecer”.
O músico, atualmente dedicado ao seu trabalho como realizador de documentários, também opinou sobre as quatro apresentadoras da Eurovisão.
“Acho bem. Enquadra-se num movimento amplo que se está assistir por todo o mundo ocidental de afirmação feminina tanto na luta contra o assédio, na luta pela igualdade salarial e pela entrada das mulheres em feudos até agora predominantemente masculinos e um desses feudos é o Festival da Canção”, disse na sua rubrica “Um olho no burro” na TSF.
“Posso assegurar que a grande maioria dos fãs do festival são homens. Não iam acreditar na violência pura que vi nos bastidores: a puxar cabelos, ‘ai melher eu prefiro a música da lituânia’, ‘cala-te melher eu prefiro a da bielorrúsia, viste aquele vestido de lantejoulas?'”, brincou, já que a maioria dos fãs eurovisivos são gays.
Em relação ao espetáculo na Altice Arena, na próxima terça-feira, chama-se ‘Rir Ajuda!’. A iniciativa partiu da Fundação do Gil, que ajuda há 18 anos crianças desfavorecidas, além de prestar serviços pediátricos.
Jel é o diretor artístico do espetáculo de ‘Comi Relief’ que visa angariar dinheiro para construir um pavilhão no jardim da Casa do Gil. Também irá fazer stand-up comedy e comédia musical com o irmão.
António Machado, Nilton, Hugo Sousa, Eduardo Madeira, Guilherme Duarte e Diogo Faro são alguns dos 17 nomes que fazem parte do cartaz.
Cada um terá direito a “10 minutos” em cima do palco para “dizer o que querem, sem censura”.
Paula Lobo Antunes e Carla Vasconcelos vão ser as ‘hosts’.
Os bilhetes, ainda disponíveis, têm preços a partir de 5 euros. O espetáculo começa às 21h00.
Fotos: Facebook e Eurovisão
