Saúde & bem-estar

’13 Reasons Why’ estimula discussão sobre suicídio com jovens

A Netflix divulgou uma pesquisa sobre os impactos causados pela série ’13 Reasons Why’, lançada há um ano, produzida por Selena Gomez e que já gerou uma acusação de um pai norte-americano quanto à influência que teve no suicídio da filha.

Realizado pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, o estudo analisou se a série pode estimular ou não conversas entre pais e filhos a respeito de questões sensíveis. Os resultados apontam que mais da metade dos entrevistados mudaram o seu comportamento em relação à discussão de temas, como bullying, violência sexual e suicídio.

A série narra a história de Hannah Baker, uma aluna do secundário que tira a própria vida e deixa para trás gravações em cassete, documentando os 13 motivos do seu suicídio. Embora tenha recebido muitos elogios, a série também foi alvo de críticas e debates sobre a forma com que lidou com assuntos tão delicados.

A natureza explícita das cenas, que mostram o suicídio e a violência sexual, motivaram conversas em todo mundo sobre o quão apropriado era o conteúdo para jovens espectadores.

“Embora muitos adolescentes e jovens adultos tenham tido uma atitude positiva em relação à série, é importante apontar que nem todos tiveram a mesma reação”, informou Alexis Lauricella, co-autora do relatório e diretora associada do Centro de Media e Desenvolvimento Humano da Northwestern.

Resultados da pesquisa
Intitulada “Explorando Como Adolescentes e Pais Reagiram a ’13 Reasons Why'”, a pesquisa foi encomendada pela Netflix e aprovada pelo Comité Institucional de Revisão da Universidade Northwestern, que analisou pais, adolescentes e jovens adultos entre 13 e 22 anos em cinco países, para determinar como o público percebeu, se relacionou e foi influenciado pela série.

“Decidimos estudar quantitativamente ’13 Reasons Why’ para entender melhor como os adolescentes de hoje estão a relacionar-se com o conteúdo que lida com os problemas que eles estão a enfrentar”, disse em nota Ellen Wartella, especialista na relação entre crianças e os media e diretora do Centro de Media e Desenvolvimento Humano da Universidade Northwestern.

Como a Psicologia encara a série?
O psicólogo André Garcia, que também dá aulas de Filosofia no secundário, acredita que a série fez os adolescentes perceberem como praticar bullying pode afetar a vítima, que, por sua vez, percebeu que não deve se calar diante de situações assim.

Os pais também foram afetados pela série já que se deram conta de que precisam conversar mais com os próprios filhos.

Entretanto, alerta que tudo tem dois lados e com a série não seria diferente. “A série também pode ser um gatilho para as pessoas que têm tendência ao suicídio, por exemplo. Assim como para quem pratica o bullying, que vai encontrar na série novas formas de perseguir alguém. Ela também pode despertar nos pais a necessidade de se afastar ainda mais dos ‘problemas’ dos filhos por não saberem como discutir temas delicados com eles”, afirmou.

Para o psicólogo, é necessário que a televisão traga esses assuntos para discussão, mas é preciso ter cuidado com a forma como o fazem para não trazer mais prejuízos que benefícios.

Aliás, num dos pontos pesquisados, 75% dos pais disseram que a série deveria ter passado mais informações complementares, como o parecer de profissionais de saúde mental no final de episódios difíceis.

Apesar de ter ajudado os espectadores a compreender melhor assuntos como depressão, suicídio, bullying e violência sexual, além de motivar a conversa entre pais e filhos sobre temas importantes, é fundamental lembrar que jamais se deve dispensar a ajuda de profissionais especializados.

Fotos: Reprodução