Off the record

Miguel Vieira: vencer para dar o melhor exemplo

Aos 49 anos, o criador de São João da Madeira continua a surpreender com colecções ecléticas e dirigidas a vários públicos, mostrando-se atento ao mundo que o rodeia e que já lhe pôs algumas pedras no caminho, sem nunca o derrubar.

Cada peça assinada por Miguel Vieira acaba por transmitir a sua forma de estar na vida, depois de ter vencido um cancro que, em 2001, lhe foi diagnosticado e tratado com sucesso, sem alaridos. Sem fazer bandeira do assunto, o estilista entregou-se aos cuidados de profissionais e anos volvidos, fala da experiência sem ressentimento, mas sim como palavra de esperança, provando que a cura é possível.

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A semana passada, a Move Notícias esteve com Miguel no IPO Porto, onde se assinalou o “Dia da Esperança” a favor dos ensaios clínicos e que ele conhece muito bem.

“Faço sempre questão de estar presente nas actividades do IPO porque esta, no fundo, é a minha segunda casa e é um local onde eu já passei muito tempo e onde tenho grandes amigos que me acompanham ao longo da minha vida”, disse, acrescentando: “Estou cá hoje, mas estive ontem a fazer vários exames de rotina e sempre que o IPO me pede tento deixar logo tudo para estar presente, porque são coisas que eu aprendo, são pessoas que gosto de acompanhar, são momentos de vida que também me fazem reflectir aquilo que passei. Sempre que eu posso anonimamente tento dar uma palavra de apreço aos doentes, ou fazer uma chamada telefónica quando me pedem para dar coragem e esperança às pessoas”.

Consciente do papel enquanto figura pública, Miguel Vieira tenta dar uma palavra de otimismo a quem precisa. Isto “porque como consegui vencer, acho que consigo dar muita força no sentido de ficarem mais felizes e esperançosos”.

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Os dias em que esteve internado na unidade hospitalar não traumatizaram o designer que até assume cada visita como “um antibiótico”: “Sei que, sempre que passo esta porta, estou muito bem cuidado e como tal para mim é sempre bom estar cá, apesar de alguns tratamentos violentos que se fazem venho para aqui com uma alegria como se fosse ver o meu Porto a jogar, porque acredito nesta casa, tem óptimos profissionais e sobretudo é uma casa maravilhosa”.

Mesmo doente, Miguel nunca parou, conseguindo a partir do IPO “trabalhar e por as coisas a funcionar, embora nem sempre a 100%”. “Fui um homem que tirou sempre o pijama. Vestia-me todos os dias da maneira como o faço agora, embora me sentasse na cama, porque queria afastar estes bichos todos. Tirava todos os dias o pijama, acordava normalmente como se fosse trabalhar e era assim que eu era medicado  e fazia os tratamentos todos”, recorda.

De boa saúde, mas sempre fiel à vigilância, Miguel Vieira prepara-se para apresentar, na sexta-feira, mais uma coleção no Portugal Fashion. No Palácio da Bolsa, no Porto, provará os atributos focados pela revista Forbes há cerca de uma semana, centrados no que foi visto antes na Moda Lisboa.

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Fotos: José Gageiro