Bastou uma reportagem da TVI para o país ficar em brasa com a alegada gestão danosa da fundadora da Raríssimas, uma associação de tratamento de pessoas vítimas de doenças raras vista até então como reputada e útil.
Para os internautas o que mais chocou – e choca – foi a ostentação de Paula Brito e Costa que não se inibia de gastar centenas de euros em gambas, vestidos, viagens e outros gastos pessoais com recurso ao dinheiro da associação (subsidiada pelo Estado).
Escusado será dizer que, a par da revolta, são as piadas que ‘pululam’ a internet. E até já há um evento ‘criado’ para se participar na Lagosta Solidária, ou seja no Jantar de Natal da Raríssimas.
A iniciativa partiu do comediante Mak, o Mau, que a justificou assim: “Marquem nas agendas, reservem as carteiras de marca e os cartões de crédito Gold. E, neste Natal não se esqueçam, mais difícil do que viver em necessidade é tirar nódoas de marisco da roupa de marca”.
O jantar tem ‘dia e hora marcada’ para 23 de dezembro às 20h00 no restaurante Eleven, um dos mais exclusivos de Lisboa e já distinguido com uma estrela Michelin. Mas pode mudar: “A bem da dignidade do evento e do espaço permitir gambas maiores, deverá o local do jantar mudar para o Panteão?”, perguntou o humorista em sondagem, sendo que a hipótese do Panteão venceu.
O jantar é fictício, obviamente, e criado num evento do Facebook, mas já conta com o interesse de 10 mil portugueses e a presença confirmada de mais de 2250.
Houve até quem lá deixasse memes relacionados com o assunto, como é o caso da imagem principal deste artigo.
Se está ‘interessado/a’ em ir ao jantar, terá de ‘desembolsar’ a módica quantia de 250 euros, que – note-se – “revertem na totalidade para pessoas que não querem ficar pobres nem desvalidas”.
“Ajudar os pobres e enfermos consome muita energia. Porque nem só os Spas, a roupa de marca e as viagens ajudam, neste Natal queremos juntar o melhor de dois mundos e ficar com tudo para nós. Ainda por cima, os necessitados vão beneficiar de um óptimo caldinho de lagosta, feito com as melhores cascas e cabeças”, lê-se na descrição do evento.
Há ainda um detalhe importante: é “adequado para crianças”.
Paula Brito e Costa já se demitiu de Presidente da Raríssimas, mas só a 3 de janeiro é que se realizará uma assembleia geral para eleger os titulares dos órgãos sociais em falta. Até lá mantém-se como funcionária da instituição, ocupando o cargo de diretora-geral da Casa dos Marcos, na Moita, a principal infraestrutura para assistência a doentes.
“Se não me quiserem, então vamos ter de chegar a acordo”, disse a própria, que se assume vítima de uma cabala, em entrevista ao ‘Expresso’. A alternativa, continuou, é haver “um despedimento, o pagamento da respetiva indemnização” e a possibilidade de acesso ao subsídio de desemprego.
Fotos: Facebook e página de humor “O Dilséxico Litoral”
