Off the record

António Raminhos: o humorista do momento

A cena do humor em Portugal tem mais um comediante a dar nas vistas. António Raminhos, de 35 anos, é o humorista do momento. Apesar de já ter participado em programas de televisão, como “5 para a Meia-Noite” ou “Feitos ao Bife”, ambos da RTP, foi em “Dança com as Estrelas”, da TVI, que alcançou uma maior atenção mediática.

“O meu objetivo, ao participar no programa, era dar-me a conhecer a um público que não me conhecia. É engraçado que as pessoas dizem que não veem a TVI mas toda a gente sabia quem eu era e o que estava a fazer” contou o artista à Move Notícias, nos bastidores de um espetáculo de solidariedade em Vila Nova de Gaia, no qual foi cabeça-de-cartaz. Raminhos já esperava alguma projecção ao participar no programa de Queluz, mas nunca esperou que fosse “um ‘boom’ tão grande”. “Acho que há pessoa que vão ao meu espetáculo a pensar que eu vou dançar”, disse, com o seu característico sentido de humor.

O comediante anda na estrada com “As Marias”, que se tem revelado um sucesso, uma vez que enche salas por onde passa, por isso “tem superado as expetativas”. O espetáculo “nasceu” dos vídeos que António Raminhos grava com as minhas filhas. “Se eu tivesse dois miúdos punha-os a render numa escola de futebol, agora miúdas… o futebol feminino não dá dinheiro, tive que arranjar alguma coisa para ganhar dinheiro com elas. Senão era só despesas”, afirmou, entre risos.

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“Basicamente é o trajeto da minha infância até ao nascimento das Marias e a minha relação com elas. A minha própria história, misturada com a história delas”, acrescentou, deixando transparecer o enorme amor que sente pelas meninas. O objetivo é deixar às filhas, Maria Rita, de quatro anos, e Maria Inês, de dois, as memórias da sua infância: “Quero que elas se lembrem daquilo que nós fazíamos”.

As crianças não têm noção daquilo que o pai faz: “Quando isso acontecer vou ter de deixar de fazer os vídeos. Elas quase nunca sabem quando estou a filmar. Filmo geralmente com câmara oculta e depois logo vejo o que sai dali. Mas isto mais tarde ou mais cedo vai parar”.

Apesar da legião de fãs, que esgotam as salas de espectáculos para o ver, António Raminhos também recebe algumas críticas negativas nas redes sociais, onde partilha as peripécias da paternidade. Contudo, assegura que não se preocupa muito com isso. “Antes preocupava-me mais com as reações negativas. Há pessoas que não gostam e explicam porque não gostam, há outras que são maldosas, essas são as piores. Mas felizmente são muito mais as criticas positivas. Recebo mensagem de pessoas a dizer que quando veem os vídeos se lembram da infância delas, outras revelam até que gostariam de ter tido um pai como eu… Só isso é o suficiente para me fazer continuar”, confessou.

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Humor surgiu do desemprego
O que muitos não sabem é que antes de decidir subir ao palco e fazer o rir o público, António Raminhos foi jornalista. Foi quando ficou desempregado, que decidiu que era a altura certa de arriscar uma carreira na comédia. “O humor surgiu com o desemprego, era jornalista do jornal ‘A Capital’. Quando o jornal foi à falência fui para o desemprego. Nessa altura, o ‘Levanta-te e ri’ era um sucesso e comecei a ver muita comédia, a ver o trabalho dos outros e comecei a escrever. Acabei por começar a atuar. Na época pensei: ‘mal por mal se é para ganhar uma porcaria vou fazer aquilo de gosto’”, recordou.

Em 2006 subiu ao palco pela primeira vez no Saldanha Café ao lado de outros humoristas, como Carlos Mouro. Depois disso nunca mais parou: “Comecei a atuar em bares, ainda fiz alguns trabalhos de jornalismo, mas decidi arriscar nesta carreira”. Não se deixa “deslumbrar” nem se “acomoda”, garante. “Quando estou a acabar um projeto, penso logo em outro e no que posso fazer a seguir”, concluiu o humorista que desta forma pretende continuar a defender o seu espaço no mundo da comédia portuguesa e surpreender o público com novas piadas.

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Fotos: Move Notícias