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Trump venceu, Hilary foi copiosamente derrotada

As análises sucedem-se, indo a maioria no mesmo sentido. O curial é ouvir-se “os americanos endoideceram e esta foi a vitória de uma América racista, xenófoba, homofóbica a tocar os ideais fascistas”!

Para muitos é a vitória do Klu Klux Klan e do poderoso lobby defensor de uma América “far west”, com todos aos tiros contra todos.

Na Europa, as reacções parecem dar razão a essas teses, dado o júbilo de todos os patetas da renascida extrema direita, começando pela desequilibrada Martine Le Pen.

No entanto essa abordagem é demasiado simplista. Trump venceu, mas a derrota de Clinton é a derrota de muita coisa de que não se quis fazer chegar à opinião pública europeia. É verdade que a América recuperou da crise financeira recente, que tem em bons índices de emprego, mas o americano médio desceu para padrões de vida que remontam ao longínquo ano de 1959! Incrível.

Obama foi Presidente 8 anos, mas os últimos quatro anos ombrearam em incidentes interraciais só comparáveis com o mundo de luta liderado pelo grande Martin Luther King. Paradoxal? Talvez. Tão paradoxal como o voto significativo captado por Trump nas comunidades latinas e afro americanas.

Trump é um multimilionário extravagante e polémico, todavia um dos principais anátemas de Hilary foi a de ser conotada com o “establishment”, o grande “lobismo” americano, principalmente o da poderosa indústria de armamento.

Finalmente a overdose de progressismo “holywoodesco”assustou o americano médio. Os americanos idolatram e enchem recintos para ouvir Madonna, Beyoncé, Lady Gaga e quejandos, mas assustaram-se como facto das suas extravagâncias passarem a influenciar mais a nação do que as do próprio candidato conservador. Foi também um voto contra o excesso de “partidarite” dos media.

Se fosse americano tinha uma enorme dificuldade. Não votaria em Trump por estar muito afastado da sua idiossincrasia, mas também não conseguia votar em Hilary, cuja artificialidade e frieza calculista me assustava.
Julgo que este tipo de postura empurrou muitos eleitores para o lado de Trump. Uma espécie de atracção pela novidade ou até pelo abismo!

Se Trump muitas vezes apalhaçou o seu percurso, Hilary era uma espécie de Barbie balzaquiana, mas ainda assim, como a Barbie, esfíngica e superficial.

Trump vem colocar o mundo numa enorme incerteza, mas recordo a época em que o mundo se assustou com a eleição de um perigoso “cowboy”, que veio a tornar-se, juntamente com João Paulo II, nas principais figuras mundiais da segunda metade do século XX.

Esperemos pois com serenidade. O mundo não vai acabar.