As cerimónias fúnebres de Clara Pinto Correia irão realizar-se na Capela do Rato, em Lisboa. A missa está marcada no dia 12 de dezembro, às 11h00. O funeral será realizado em privado, apenas com a presença da família.
A escritora, bióloga e professora universitária, morreu, na terça-feira, aos 65 anos. Longe do meio mediático, Clara Pinto Correia foi encontrada morta na sua casa, em Estremoz.
Durante muitos anos foi uma figura pública marcante, quer pela sua profissão, quer pela presença mediática.
No entanto, perdeu quase tudo, vendo-se obrigada a sair da sua casa, em Sintra.
Clara Pinto Correia contou alguns episódios da sua vida, numa entrevista à revista Sábado em janeiro de 2025: “Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela“.
Antes de morrer, Clara, deixou duas grandes revelações escritas na sua crónica, no Página Um, jornal digital onde era colunista com ‘A Deriva dos Continentes’. Na primeira, confessou que foi vítima de uma horrenda violação, no Natal de 2020, mostrou-se feliz pela aprovação, por parte do parlamento, dos crimes de violação como crimes públicos.
A outra, publicada exatamente no dia da sua morte, 9 de dezembro, revelava, que no final do verão, sofreu um AVC. “Estou em Estremoz há cinco anos, e nunca fiz férias. Acima de tudo, tinha um desespero de me atirar mar adentro e me deixar ficar lá durante imenso, imenso tempo, para depois me oferecer ao sol da praia como um lagarto, os dedos enfiados na areia e o pensamento inebriado de sal e iodo. Desta vez é que foi a grande desforra: duas grandes amigas, uma com casa no Burgau e outra na Meia-Praia, convidaram-me ao mesmo tempo. Aquilo, assim, dava para tirar mais de uma semana inteira. Que maravilha“, começou por contar.
Seria o cenário perfeito: “Ou seja, teria dado, e teria sido uma maravilha, se não fosse o AVC. Assim, foram três dias de praia e cinco dias de hospital“.
Teve “o AVC mesmo em frente da minha aminha da Meia-Praia“, tendo sido levada para Lagos, acabando por ser transferida para Portimão, onde esteve “dois dias para recomeçar a falar e conseguir andar“.
“Depois há as sequelas. E, quando nos dão alta, também não nos dizem nada a esse respeito. Mas devia ser obrigatório dizerem, porque nós não nascemos ensinados“. Clara Pinto Correia falou da sua fragilidade e referiu que demorava mais tempo a escrever, porque se cansava, e até começou a enviar os seus textos para as irmãs, para garantir que tudo seguia perfeito, para o diretor da publicação com quem colaborava.
