O Sumo Pontífice, que faleceu esta segunda-feira de Páscoa, aos 88 anos, organizou pessoalmente a sua despedida e pediu para descansar eternamente em Santa Maria Maggiore ou Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas maiores, uma das sete igrejas de peregrinação e a maior igreja mariana de Roma.
No livro Esperança, a primeira autobiografia de um pontífice já publicada, o próprio Papa Francisco referiu: “Quando eu morrer, não serei enterrado em São Pedro, mas em Santa Maria Maior: o Vaticano é o lar do meu último serviço, não a eternidade“.
O Santo Padre queria que as suas cerimónias fúnebre fossem simples. “Estarei na sala onde agora estão guardados os castiçais, perto daquela Rainha da Paz, a quem sempre pedi ajuda e que me abraçou durante o meu pontificado mais de cem vezes“, explicou em alguns parágrafos da sua autobiografia.
“O ritual fúnebre era muito elaborado, e conversei com o mestre de cerimónias para simplificá-lo: sem catafalco, sem cerimónia do fecho do caixão. Com dignidade, mas como todo cristão“, sublinhou.
Santa Maria Maggiore
Santa Maria Maggiore é o mais importante templo dedicado à Virgem Maria no mundo e uma das quatro maiores basílicas de Roma. Fundada no século IV, ela combina os estilos cristão primitivo, românico, barroco e renascentista, refletindo séculos de devoção e arte. Em seu interior, abriga tesouros autênticos, como o teto alto, decorado com o primeiro ouro trazido da América, o mosaico na abside e o venerado ícone da Virgem “Salus Populi Romani”, padroeira de Roma.
Devoção à Virgem
A grande devoção do Papa Francisco à Virgem, considerada na religião católica como modelo do olhar misericordioso de Deus para com a humanidade, era bem conhecida. “Eu experimentei em primeira mão, em primeira mão, que o olhar materno de Maria pode iluminar a escuridão e reacender a esperança. É um olhar que pode inspirar confiança e transmitir ternura“, disse também no seu livro.
Corpo de Francisco será depositado em urna hoje, ao fim da tarde
A Santa Sé já anunciou que o corpo do Papa será depositado numa urna hoje, ao final da tarde, na capela da residência de Santa Marta, no Vaticano, onde vivia desde a sua eleição.
“Esta noite, segunda-feira 21 de abril, às 20:00 locais (19:00 em Lisboa), a sua eminência o reverendíssimo cardeal Kevin Joseph Farrell, cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, presidirá ao rito de certificação da morte e à colocação do corpo na urna“, acrescentou o Vaticano num comunicado.
O funeral será realizado dentro de nove dias e o conclave para eleger o sucessor de Francisco, dentro de um mês.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. Resiliente, fez a sua última aparição pública na véspera da sua morte, no domingo de Páscoa, no Vaticano. Horas antes da morte, concedeu a bênção “Urbi et Orbi” na Praça de São Pedro. As suas Suas únicas e últimas palavras foram: “Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa“.
“Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja“, foi assim que o Cardeal Kevin Farrell anunciou a morte do líder da Igreja Católica.
Sete dias de luto na Argentina
O presidente argentino Javier Milei declarou sete dias de luto pela morte do Papa Francisco, “líder espiritual e guia de milhões de homens e mulheres“. Na foto partilhada, nas redes sociais, o presidente argentino publicou uma foto em que o pontífice aparece a agitar a bandeira do seu país natal.
ADIÓS
Con profundo dolor me entero esta triste mañana que el Papa Francisco, Jorge Bergoglio, falleció hoy y ya se encuentra descansando en paz. A pesar de diferencias que hoy resultan menores, haber podido conocerlo en su bondad y sabiduría fue un verdadero honor para mí.… pic.twitter.com/3dPPFoNWBr— Javier Milei (@JMilei) April 21, 2025
Três dias de luto oficial em Portugal
O governo português decidiu declarar três dias de luto oficial, pela morte do Papa Francisco, “um exemplo para todos, todos, todos“. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, considerou, que serão decretados, em data oportuna com as cerimónias fúnebres. “Enquanto se aguardam indicações da Santa Sé sobre a data das exéquias, o Governo de Portugal propôs a Sua Excelência o Presidente da República que fossem decretados três dias de luto nacional, que serão oportunamente confirmados de acordo e coincidindo com as cerimónias fúnebres“, disse numa declaração aos jornalistas no Funchal.
Um derrame, a possível causa da morte do Papa Francisco
Embora a saúde do Papa fosse muito delicada, a sua morte foi um tanto inesperada, principalmente depois de vê-lo neste domingo na Basílica de São Pedro concedendo a bênção “Urbi et Orbi”. Segundo o jornal Corriere della Sera, o pontífice pode ter morrido de um derrame. Nas próximas horas, a Santa Sé emitirá um comunicado indicando a causa da morte.