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Helena Sacadura Cabral fala do último pedido do falecido filho Miguel Portas

Aos 83 anos a escritora lançou recentemente uma nova obra. ‘Uma Certa Forma de Vida’ é o título do livro, que “mostra o verso e o reverso dessa enorme moeda que constitui a nossa existência. É uma viagem pelo interior do ser humano, pelas suas grandezas e pelas suas debilidades aos olhos de uma mulher para quem saber viver é uma arte.”

Foi nesse contexto que Helena Sacadura Cabral foi, esta quarta-feira, ao programa ‘Você na TV’. A morte do filho Miguel Portas foi falada, até porque o livro reflete esse período de luto, e foram feitas confidências.

Manuel Luís Goucha questionava a entrevistada sobre se a fé e o humor foram uma maneira de ultrapassar a dor e esta respondeu afirmativamente.

“De alguma forma é isso. Foi cumprir um pedido do Miguel. Ele, antes de morrer, a única coisa que pediu foi que eu vivesse como se ele estivesse presente. E eu tentei levar isso por diante”, explicou.

Ela que, no livro, fala das suas “formas de vida”, realçou que o sorriso e o humor “ajudam a levantar a cabeça nas más ocasiões”, bem como o “saber, sobretudo, rir de nós próprios.”

“A vida deu-me alguns ‘trambolhos’ e eu podia ter perdido o sorriso pelo caminho”, brincou.

O facto de, a 1 de maio, Miguel – eurodeputado pelo Bloco de Esquerda na altura em que morreu, a 24 de abril de 2012 – cumprir 60 anos de vida também mereceu um comentário da mãe.

“Sempre pensei que lhe daria uma ótima festa. Festa por mim que tinha idade para o ver e festa por ele por ter chegado àquela idade. Mas não foi possível”, disse, frisando que recebeu apoio do filho Paulo Portas e dos amigos.

“Tive muito boas ajudas. Primeiro do meu filho Paulo, porque não quis nunca substituir o irmão. Não me atabafou de amor. E depois os amigos que me deram a mão, me ajudaram”.

“Ainda ontem [terça-feira, 1 de maio], dia de anos do Miguel, tive três amigas que pegaram em mim e me levaram para além da Nazaré. Depois foram dar uma volta, deixaram-me frente ao mar sossegadinha a conversar com o Miguel e depois vim para Lisboa perfeitamente tranquila por ter feito o aniversário do Miguel com ele”, recordou a ex-economista.

A conversa continuou para o assunto “sofrer por antecipação”, que, segundo disse Helena Sacadura Cabral, “é a coisa pior” dos portugueses.

“De vez em quando tenho uns picos [de ansiedade]. Sou humana. Dói-me uma coisa e penso: ‘É capaz dester cancro’. É logo. E acabo por me rir comigo própria”, contou, rindo-se.

“Aprendi uma coisa com o Paulo. Essencial é o tudo. Acessório deixo para mim”, prosseguiu, passando depois a falar do tema ‘política’, que nunca gostou de associar aos filhos.

“Não me lembro do Miguel político. Só me lembro do Miguel a rir, dar sermões, pegar-se comigo (…) E tive marido na política. Tenho direito a reforma divina… E sou do Sporting”, disse às gargalhadas.

Por tudo isto rematou, passando também a explicar o que pretende com o livro ‘Uma Certa Forma de Vida’, que “nada nos acontece por acaso. Não se ponham a jeito para que as coisas corram mal. Ponham-se a jeito para que as coisas corram bem”.

Fotos: Facebook e Divulgação