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Cristina Caras Lindas arrasa jornalista: “Foi a pessoa que mais me traiu”

Depois de ter partilhado nas redes sociais alguns excertos da entrevista que deu no ‘Alta Definição’, e onde chorou por falta de apoio na fase mais delicada da sua vida, eis que conhecemos agora todo o teor da conversa.

O programa foi para o ar este sábado, ao início da tarde, na SIC, e Cristina Caras Lindas deixou várias críticas a quem a traiu.

“Alguém lhe deve um pedido de desculpas?”, perguntou, como habitual, Daniel Oliveira. “Oh se devem… Jornalistas que eu empreguei. Uma delas tinha a mãe com cancro e eu disse-lhe que não se preocupasse, para ir acompanhar a mãe e que eu lhe paguava o ordenado. Foi a pessoa que mais me traiu”, respondeu a antiga apresentadora.

Mas não foi só. Acusações semelhantes foram feitas aos colegas na área, excetuando um elogio a Júlio Isidro.

“O Júlio Isidro foi o único [que a quis ajudar]. É um senhor. Na nossa área não houve ninguém que me dissesse: ‘Cristina, que queres? De que precisas?’ e eu ajudei muitos na nossa área”, frisou.

A entrevista focou-se igualmente nos problemas de saúde de Cristina Caras Lindas, que a deixaram em risco de vida, na carreira e na vida familiar desta.

Em 2016 teve gripe A e pneumonia. “O tempo traz muitas vezes as memórias daquele hospital”, disse, referindo-se ao Hospital Santa Maria onde esteve internada por causa do colapso de um pulmão e do rim.

“Não me lembro de chegar ao hospital. Entrei na ambulância não sei como. O médico disse às minhas filhas: ‘Não vai salvar-se. Preparem-se'”, lembrou.

Seguiu-se o Hospital Amadora Sintra, onde “apanhei duas bactérias hospitalares. Aí ia morrendo mesmo. Eu era um trapo. Fui mais um número. Que ninguém pense que é alguém, que ninguém é nada neste mundo”.

Imagens dessa altura da sua vida não existem pois, tal como contou, “as minhas filhas nunca deixaram que se fizesse fotos desse momento. Velaram-me de tal maneira.”

“A minha médica diz que quando cheguei ao Amadora Sintra ninguém queria pegar em mim, porque era um caso perdido. E ela pegou em mim. (…) Não conseguia pegar numa caneta ou garfo. Queria morrer. Não quero viver assim. Não há nada pior que tu não quereres viver e não poderes dizer. Para que é que eu queria viver assim?”, confessou, ela que por ter estado em coma durante quatro meses tem a certeza que “há vida para além disto”.

“Imagina o que é estares na cama de hospital, mudarem-te a fralda, não conseguires mexer o pé, a mão. Mudarem-te a fralda? É não teres privacidade”, descreveu a Daniel Oliveira.

A ex-profissional de comunicação, que teve imenso sucesso na televisão, especialmente na TVI, nos anos 90, aproveitou a oportunidade para fazer um paralelo entre a vida de uma estrela com a de um paciente de hospital.

“[Com o programa que tinha na TVI] deitava-me feliz por ajudar. Mas ninguém está preparado para acordar numa cama de hospital e não conseguir andar”, comparou.

Até porque, segundo diz, tem tido dificuldades em regressar à área, especialmente pela sua imagem atual. “Não se preocupem que engordei (15 quilos), preocupem-se que eu sobrevivi! Estou a falar de pessoas da nossa área, que fizeram essa crítica em programas de televisão. As pessoas são assim”, apelou.

O talento e trabalho, realçou, não deixam margem para esse tipo de críticas. “Fiz tudo como eu quis. Programas idealizados por mim, pensados por mim. Aqui nada dura. Quando alguém está muito bem, alguém vem por trás para te destruir. Isto é Portugal. Como dizia o Fernando Pessoa: Somos miserabilistas”.

O melhor momento da sua vida foi “quando estava casada com o cirurgião plástico, estava na TVI, filhas pequenas extraordinárias, casamento perfeito”. Mas “tudo se perdeu. Porque a vida é isto. Quando as pessoas acham que tudo têm, tenham cuidado. Porque tudo se perde. E só fica o que tu és”.

Já o pior foi quando teve de ir para Angola “com 300 euros”, nem sempre com dinheiro para comer. “Onde dormiu?”, perguntou Daniel Oliveira. “Os amigos servem para alguma coisa…”, continuou a entrevistada, referindo-se a Rui Mingas.

Cristina Caras Lindas aproveitou ainda a oportunidade para fazer um agradecimento especial à equipa que cuidou de si no hospital.

“Tive enfermeiras extraordinárias. Tinha enfermeiras que na tarde de folga delas iam passar a tarde comigo. Não tem preço. Isto sim são as pessoas reais que merecem tudo nesta vida. E os enfermeiros deste país trabalham muito e ganham estupidamente. Um jogador de futebol chuta a bola, ganha milhões e os enfermeiros ganham pouco”.

Fotos: Facebook