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Bebé Charlie Gard morreu hoje, antes de fazer um ano de vida

Charlie Gard, o bebé de 11 meses cuja história chegou aos quatro cantos do mundo, morreu esta sexta-feira, disse um porta-voz da família. Faria um ano de vida a 4 de agosto.

A batalha legal sobre o tratamento médico de Charlie cativou o mundo e chegou a envolver o Papa e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A imprensa britânica diz que a sua morte foi anunciada oficialmente esta sexta-feira pelos pais.

A criança de 11 meses esteve no centro de uma batalha legal que captou as atenções do mundo ao longo das últimas semanas, entre o hospital de Great Ormond Street, onde está a receber tratamento, e os seus pais.

Charlie sofria de uma condição médica muito rara que lhe afetava os músculos e o cérebro. Sem hipótese de cura, o hospital decidiu que o melhor para ele seria desligar o suporte artificial que o mantinha vivo e passar a administrar cuidados paliativos, mas os pais discordaram e tentaram levar o bebé para os EUA, para fazer um tratamento experimental.

No Reino Unido, quando pais e médicos discordam sobre o que é melhor para um menor o caso pode ser decidido por um tribunal. Sucessivos juízes deram razão ao hospital.

O caso apaixonou a opinião pública e chegou a motivar comentários de Donald Trump, que se ofereceu para ajudar como fosse preciso, e o Papa Francisco pediu que fossem respeitados os desejos dos pais.

Recentemente voltou a surgir a hipótese de administrar um tratamento inovador, que poderia ajudar Charlie a recuperar algumas funções, mas os pais desistiram da ideia quando perceberam que o seu estado de saúde já se tinha deteriorado a tal ponto que não haveria possibilidade de sucesso. Na altura lamentaram que o tempo passado nos tribunais tenha roubado ao seu filho a única hipótese que tinha.

Os pais aceitaram assim que fosse desligado o suporte artificial que ajudava Charlie a respirar, mas pediram para o levar para casa para passar os últimos dias. O hospital negou, porém, dizendo que não seria possível devido à complexidade dos tratamentos necessários. Outra hipótese avançada pelos pais seria levar o bebé para um hospício onde os tratamentos pudessem ser administrados durante alguns dias.

Na quarta-feira o juiz deu até quinta-feira ao meio-dia para que o hospital e o casal chegassem a um acordo, mas tal não foi possível, levando o tribunal a decretar que Charlie deve então ser transferido para um hospício, onde o suporte de vida seria desligado e morreria. Ao que tudo indica foi isso que se passou esta sexta-feira.

Uma porta-voz do hospital lamentou na quinta-feira a dimensão a que chegou o caso, reconhecendo que os pais de Charlie tinham agido com a melhor das intenções. “Os pais de Charlie têm defendido incansavelmente aquilo que acreditam sinceramente ser o melhor para o seu filho, e ninguém os pode culpar por isso”.

A porta-voz do Great Ormond Street disse que o hospital “tentou fazer todos os possíveis para acomodar a vontade dos pais” e lamenta profundamente “que as diferenças sinceras de opinião entre os médicos e os pais de Charlie tenham tido que ser resolvidos em tribunal durante tanto tempo”.