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Sinatra escreveu carta pública para dar “ralhete” a George Michael

Em 1990, quando George Michael lançou o seu segundo álbum a solo ‘Listen Without Prejudice, Vol. 1’, deu uma entrevista à revista Los Angeles Times’s Calendar afirmando que apesar do sucesso apoteótico iria manter a sua vida o mais privada possível, pressupondo-se poucas entrevistas e até digressões.

Na altura as declarações do músico ecoaram entre os fãs que lamentavam a sua postura. No mundo da música, os colegas de George Michael estranhavam os seus lamentos e, por isso, Frank Sinatra achou por bem chamar a atenção do ainda jovem cantor para as “dificuldades” de se ser famoso.

Assim, ‘a Voz’ escreveu e publicou uma carta na mesma revista, na semana seguinte à entrevista do cantor pop, e deu um valente “puxão de orelhas” ao antigo elemento dos Wham, bem como alguns conselhos.

Agora, poucos dias depois da morte de George, o documento foi novamente divulgado. Leia a carta na íntegra:

“Queridos amigos, quando vi a vossa capa de hoje sobre George Michael, ‘a estrela pop relutante’, a minha primeira reação foi a que ele deveria agradecer a Deus, todas as manhãs quando acorda, por tudo o que tem. E isso faria com que fôssemos dois a agradecer a Deus todas as manhãs por tudo o que temos.
Não percebo alguém que vive ‘na esperança de reduzir a pressão do seu estatuto de celebridade’. Aqui está um miúdo que ‘queria ser uma estrela pop desde que tinha cerca de sete anos de idade’ e agora que é um perfomer de sucesso e um compositor, aos 27 anos, quer desistir de fazer o mesmo por que tantos jovens talentosos em todo mundo matariam a avó – apenas um pedaço do que ele agora se queixa.

Vá lá George, relaxa. Swing, homem. Limpa as teias de aranha nas asas e voa até à lua da tua escolha e agradece por carregar a bagagem que todos nós tivemos de carregar desde aquelas noites sem dormir em autocarros a ajudar o motorista a descarregar os instrumentos.

E chega da conversa sobre a ‘tragédia da fama’. A tragédia da fama é quando ninguém aparece e tu estás a cantar para a empregada de limpeza nalgum lugar vazio que não vê um cliente desde o dia de Saint Swithin. E tu não estás sequer próximo disso. Tu estás no topo de uma escada alta que se chama Estrelato, que em latim significa agradecimentos-aos-fãs que estavam lá quando tudo era solitário.

O talento não pode ser desperdiçado. Aqueles que o têm – e tu obviamente que o tens ou então a capa da Calendar de hoje era sobre o Rudy Vallee – têm de o abraçar, alimentar e partilhar para que não te seja roubado tão rapidamente quanto te foi emprestado.

Confia em mim. Eu já lá estive.”

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