Cultura

Irena Sendler: a heroína da II Guerra Mundial que pouco protagonismo teve

No passado dia 12 de maio completaram-se 8 anos desde a morte da enfermeira que salvou cerca de 2500 crianças judias de serem encaminhadas para campos de concentração nazi.

A polaca Irena Sendler foi a grande heroína da II Guerra Mundial, mas a sua solidariedade teve pouco protagonismo, sobretudo quando comparada com a de Oskar Schindler.

O empresário alemão salvou 1200 pessoas do Holocausto e o seu feito foi publicitado por Hollywood com um filme realizado por Steven Spielberg que, em 1994, ganhou sete Oscars, mas até há poucos anos Irena Sendler passou ao lado do foco mediático apesar de ter sido a pessoa que mais judeus ajudou no referido período.

Em 2007, por exemplo, um ano antes de perder a vida, chegou a estar nomeada para o Prémio Nobel da Paz, mas viria a perder o título para o político norte-americano, Al Gore.

Hoje em dia a sua história já vai sendo mais conhecida e procurada, tendo-lhe sido atribuídos os nomes de “A mãe das crianças do Holocausto” ou “O Anjo do Gueto de Varsóvia”, sendo que o seu mito fez-se às custas de enormes doses de solidariedade, persistência e coragem.

Entre outubro de 1940 e abril de 1943, Sendler organizou a saída de cerca de 2500 crianças judias do Gueto de Varsóvia durante a violenta ocupação da Alemanha nazi.

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Sob o pretexto de fazer a prevenção de doenças contagiosas, esta heroína tinha autorização para entrar nos Guetos, de onde saía sempre, juntamente com as suas colaboradoras, com adolescentes, crianças e bebés, ludibriando as forças nazis.

Engenhosa, transportava os jovens judeus em cestos do lixo, nas caixas de ferramentas, em sacos de batatas ou, em último caso, em caixões. Posteriormente, encaminhava-os para o seio de famílias católicas, orfanatos, conventos ou fábricas.

Pelo meio desse processo, dava novos nomes a essas crianças para que pudessem esconder as suas identidades judias. Precavida, para que no futuro todas elas pudessem reencontrar as suas famílias, escrevia os seus verdadeiros nomes num papel, colocava-os numa jarra e enterrava no seu quintal. Daí nasceu a organização que ainda vigora e que tem o nome de “Life in a Jar” (A Vida numa Jarra).

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A dada altura, o seu “esquema” foi descoberto pelas forças nazis e acabou por ser presa e brutalmente torturada, mas mesmo assim recusou-se sempre a revelar os novos nomes e moradas das crianças que tinha salvo.

Com uma inspiradora história de vida, a verdade é que os seus feitos tardaram em sair das fronteiras da Polónia. Isso só aconteceu em 1999, quando um grupo de alunos do Kansas, no Estados Unidos, realizou um trabalho de fim de curso sobre os heróis do Holocausto.

Nove anos depois de a sua obra humanitária ter sido dada a conhecer ao Mundo, Irena faleceu, em Varsóvia, com 98 anos. Para a eternidade ficou apenas o seu exemplo de vida, bem como algumas frases recolhidas nos seus últimos anos entre nós, como a que pode ler aqui:

“A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade.”