Cultura

Convento de São Pedro de Alcântara abre ao público

O Convento de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, abre portas ao público a partir da próxima segunda-feira, anunciou a Santa casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), proprietária do edifício, antigo palácio dos Condes de Avintes.

O Convento, no Bairro Alto, esteve ocupado nas últimas décadas por uma congregação religiosa, que “diligenciava o recolhimento de jovens carenciadas”, segundo a mesma fonte.

As Irmãs da Província Portuguesa da Congregação da Apresentação de Maria, que viviam no Convento desde 1943, “foram viver para residências da sua congregação”, disse à “Lusa” fonte da SCML.

A construção do templo, dedicado a São Pedro de Alcântara, “sofreu alterações nos séculos XVIII e XIX, revelando uma arquitetura marcadamente religiosa, dos franciscanos capuchinhos arrábidos”, segundo a mesma fonte.

A sua edificação deve-se ao 1.º marquês de Marialva e 3.º conde de Cantanhede que, em 1665, na Batalha de Montes Claros, no âmbito das Guerras da Restauração, fez um voto de fundar um convento dedicado a São Pedro de Alcântara, caso vencessem os portugueses.

Em janeiro de 1670 foi dada a autorização régia para a instalação no local dos franciscanos capuchos, da província da Arrábida e, em 1685, foram instalados 40 religiosos capuchos.

A SCML, em comunicado, realça “os altares em talha dourada, a iconografia franciscana, o teto pintado em ‘grissaille’ [simulando cartelas em baixos-relevos] e a pintura em marmoreado das paredes”.

“A capela-mor integra a pintura de Bento Coelho da Silveira e de André Gonçalves, complementadas, mais tarde, pela obra de Luciano Freire”, sendo Bento Coelho também o autor da pintura da sacristia.

Do conjunto faz ainda parte “uma extraordinária capela, dos Lencastres, em mármore embutido, atribuída ao arquiteto régio João Antunes”, mandada construir pelos marqueses de Abrantes, herdeiros do cardeal Veríssimo de Lencastre (1615-1692), arcebispo de Braga e inquisidor-mor, que “enriqueceu o edifício com doações pecuniárias”.

No mesmo texto, a SCML sublinha a azulejaria barroca, representando cenas da biografia de S. Pedro de Alcântara, que decora as paredes.

Aberta aos visitantes estará também a Sala do Brasão, “atualmente ornamentada por quadros dedicados à vida da Virgem Maria, que ostenta no teto as armas da Misericórdia de Lisboa, a quem foi entregue a posse do convento, em 1833”.

A SCML instalou o então denominado Recolhimento das Órfãs, onde, segundo o historiador João Miguel Simões, eram acolhidas “as mais belas raparigas ou aquelas com ‘maior leviandade de caráter’ entre as expostas e, por isso, mais facilmente sujeitas à prostituição”, cabendo a esta instituição “educá-las, ensinando-lhes uma profissão que lhes conferisse independência na vida adulta”.

O convento conserva a Roda e o Parlatório, construídos já no século XIX, e um conjunto escultório que narra a morte de São Francisco de Assis.

A visita ao convento, classificado como “Conjunto de Interesse Público”, é gratuita, estando aberto todos os dias.

A partir do dia 8 realizam-se visitas guiadas, em diferentes línguas, incluindo o português, com o custo de 2,5 euros.

Convento de São Pedro de Alcântara