Saúde & bem-estar

Ordem dos Nutricionistas alerta para défice de consumo de frutas e vegetais

A Ordem dos Nutricionistas alertou para a importância do consumo de fruta e hortícolas como prevenção das doenças cardiovasculares ou oncológicas, sublinhando, para o efeito, os resultados de um estudo recentemente publicado no “British Medical Journal”.

Durante os períodos de acompanhamento variando de 4,6 a 26 anos houve 56.423 mortes (11.512 por doença cardiovascular e 16.817 por cancro) entre 833.234 participantes. A associação entre o consumo de fruta e hortícolas e o risco de mortalidade foi examinada em vários estudos. O maior consumo de fruta e hortícolas está associado a um risco reduzido de mortalidade por qualquer causa, com uma redução média de risco de 5% (6% para a fruta e 5% para os hortícolas). Registou-se um limite em torno das cinco porções por dia, depois do qual o risco de morte não reduziu mais.

Para Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, “esta meta-análise fornece uma evidência adicional de que um aumento do consumo de fruta e hortícolas é associado a um menor risco de mortalidade por todas as causas, em particular a mortalidade cardiovascular. Os resultados apoiam as recomendações atuais para aumentar o consumo de fruta e hortícolas para cinco porções por dia, com vista a promover a saúde e a longevidade”.

Um outro estudo transversal realizado em Portugal, como parte do estudo Pro Children, em que foram questionadas 1.853 mães de crianças entre os 11 e os 13 anos de idade sobre o consumo de frutas e vegetais revelam que: a média de ingestão de frutas e vegetais foi 221,2 e 170,0 g / dia, respectivamente. Apenas 46% das mães segue as recomendações da OMS (≥ 400g de fruta e hortícolas / dia). O consumo diário de fruta foi significativamente maior entre as mães que vivem com o cônjuge / companheiro, e que pertencem a uma classe social mais elevada. Para os hortícolas, a ingestão diária foi significativamente maior entre as mães com ensino superior e de classe social mais alta.

Para Alexandra Bento, os resultados deste estudo “são muito preocupantes uma vez que mostra que a média de ingestão de fruta e hortícolas entre as mães portuguesas está muito abaixo das recomendações internacionais. Estratégias eficazes para promover o consumo de fruta e hortícolas são necessárias, especialmente para as mães pertencentes às classes sociais mais baixas e com níveis de escolaridade inferiores, para se sedimentar o trabalho da prevenção de patologias associadas a uma alimentação desadequada”.

Também o projeto de investigação Geração 21, que se dedica ao acompanhamento de cerca de 8.600 crianças, bem como das suas respetivas famílias, apresentou recentemente dados que indicam que, apesar da maioria das crianças consumir fruta e hortícolas diariamente, apenas 20% come hortícolas às refeições e que cerca de metade come 2 ou mais peças de fruta por dia. Sobre sopa explica que esta é consumida 2 vezes por dia por 75% das crianças, sendo a principal fonte de hortícolas desta idade.

Relativamente à recomendação da Organização Mundial de Saúde de um consumo mínimo de cinco porções de fruta e hortícolas por dia, o estudo verifica também que apenas quatro em cada 10 crianças atingiram estas recomendações.

frutas