A escritora, jornalista e poetisa Maria Teresa Horta, que ficou conhecida na história da literatura portuguesa como uma das “Três Marias”, morreu esta terça-feira, aos 87 anos, em Lisboa, anunciou a editora Dom Quixote.
“Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, pode ler-se no comunicado publicado nas redes sociais.
Dom Quixote lamenta “o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” do Portugal contemporâneo, “reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores”.
Em dezembro, Maria Teresa Horta foi foi eleita pela BBC como uma das “100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo”, numa lista que incluía artistas, ativistas, advogadas ou cientistas.
Recorde-se que Maria Teresa Horta era a última sobrevivente das denominadas “três Marias” porque, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, escreveu a obra “Novas Cartas Portuguesas”.
Segundo a Wikipédia, nos anos setenta, a publicação de NCP assumiu um papel central na queda da ditadura dirigida por Marcelo Caetano, uma figura apenas superficialmente mais liberal que o seu antecessor António de Oliveira Salazar. O livro revelou ao mundo a existência de situações discriminatórias agudas em Portugal, relacionadas com a repressão ditatorial, o poder do patriarcado católico e a condição da mulher (casamento, maternidade, sexualidade feminina). NCP denunciou também as injustiças da guerra colonial e as realidades dos portugueses enquanto colonialistas em África, emigrantes, refugiados ou exilados no mundo, e “retornados” em Portugal. A sua repercussão foi enorme.
Arrebatada de Maria Teresa Horta
Eu não quero a ternura
quero o fogo
a chama da loucura desatada
quero a febre dos sentidos
e o desejo
o tumulto da paixão arrebatada
Eu não quero só o olhar
quero o corpo
abismo de navalha que nos mata
quero o cume da avidez
e do delírio
sequiosa faminta apaixonada
Eu não quero o deleite
do amor
quero tudo o que é voraz
Eu quero a lava
Foto: Facebook Maria Teresa Horta
