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Filomena Teixeira assinala 32º aniversário do filho com profundas recordações

Rui Pedro faria 32 anos esta segunda-feira, 28 de janeiro e a mãe, Filomena Teixeira, que pensa no filho a cada segundo, não deixou passar a data em branco e garantiu, numa crónica publicada no semanário TVS, que aguarda a sua chegada, mais de 19 anos depois do seu desaparecimento.

Com palavras de dor e esperança, Filomena recorda momentos marcantes e lamenta não ter tido a oportunidade de ver o filho crescer.

Filho, recordo-te num misto de emoções: alegria e tristeza. Alegria, porque te tive e fazes parte de mim. Tristeza, porque te levaram e não tive a oportunidade de te ver crescer a partir dos 11 anos. Neste dia, espero que te lembres ainda do quanto me fizeste feliz”, começou por escrever a mãe do menino que desapareceu a 4 de março de 1998, em Lousada.

Leia o texto na íntegra:
Pedro, parabéns!
28-01-2019.
Filho, recordo-te num misto de emoções: alegria e tristeza.
Alegria, porque te tive e fazes parte de mim.
Tristeza, porque te levaram e não tive a oportunidade de te ver crescer a partir dos 11 anos.
Neste dia, espero que te lembres ainda do quanto me fizeste feliz;
Alegre, n.º 1 em tudo, foi com muita alegria que te vi crescer e aprender a andar, a andar de triciclo, bicicleta, skate, a ser um faz-tudo em casa, perito em eletricidade, eras tu que comandavas todos os aparelhos elétricos. Também adoravas os animais e quase que tivemos um “zoológico” em casa. Tu e a tua irmã adoravam-nos e tenho histórias engraçadas que recordo; como daquela vez que compraste um esquilo e lhe fizeste uma casa na árvore (cá fora, claro). Ao outro dia, já ele tinha fugido, para tua tristeza. Ou dos contratos que fazias com o avô Afonso ou com o avô Zeca para ficar com alguns canários, quando eu te dizia que não admitia mais em casa, e também com a tia Mena. Depois, uns davam asilo aos canários, outros a ração. A tua imaginação fértil e o teu riso contagiavam, assim como os teus olhos e pestanas fora do comum. O que tu rias com as boas anedotas do sr. Cesário, e com as “coças” de almofada ao avô Zeca. Tanto amor, tanto carinho!
Todos na família têm histórias sobre ti. A gravidez da Anabela (de risco) e o que tu fazias por ela. O amor do padrinho que idolatravas. As piadas “isto é que é futebol” que só trocavas com o pai.
E as tuas inseguranças, e saber fazer-me tão feliz, como daquela vez que te vi na banheira a tomar um banho de espuma, e a ver televisão com um garfo a servir de antena.
– Mãe, o pai diz que tomar banho de espuma, não é para meninos, mas para meninas!
– Diz ao pai que está errado (beijos).
Outra situação:
– Mãe, estás triste?
– Não, filho, cansada!
– O que tu precisas é disto… (Subitamente vai à dispensa e sai com uma máscara horrível de Carnaval e começa a cantar: “eu sou aquele que tu queres e mais ninguém, amor é só querer e eu só quero bem”). (Beijinhos)
– E agora o que queres?
– Leite (respondeu-me).
– Logo vi (beijos).
Tantas memórias que nunca se perderam no tempo! Apenas, agravam a distância até hoje aos 32 anos. Não te vi crescer, roubaram-me essa oportunidade, enlouqueci tantas vezes, nunca mais fui a mesma…
Agora, restam-se os dias, as alegrias da família e amigos que vão atenuando a dor maior, “nunca mais te ver”. Nem quero pensar…
Hoje é o teu dia, 28 de janeiro de 2019.
“Aguardo tua chegada em sinal aberto e que juntos possamos ver tudo sem interferências.” – Alice Vieira.
Beijo e aquele abraço,
Mãe