Saúde & bem-estar

Intestino tem impacto na nossa longevidade

O estudo foi publicado na revista científica ‘Aging & Disease’ por uma equipa de cientistas de Espanha, Itália, Suécia e Portugal.

Os investigadores tinham como objetivo estudar a possível associação entre dois marcadores de permeabilidade intestinal – a endotoxemia e a zonulina – e o envelhecimento saudável.

Após a avaliação de um grupo de centenários saudáveis (isentos de doenças e da toma de fármacos), o estudo concluiu que estes apresentam uma permeabilidade intestinal menos aumentada do que jovens que já sofreram um episódio de enfarte de miocárdio.

A permeabilidade intestinal refere-se à passagem de substâncias (por vezes com efeitos adversos) dos intestinos para a corrente sanguínea. E “este estudo vem mostrar a importância de manter uma barreira intestinal íntegra ao longo do tempo”, refere Pedro Bastos, investigador português, atualmente em Doutoramento na Universidade de Lund, Suécia.

“Sabe-se que uma dieta inadequada, o consumo excessivo de álcool, a desidratação, o uso abusivo de anti-inflamatórios, entre outros fatores, comprometem essa barreira intestinal, o que pode resultar na inflamação que conduz a doenças associadas a uma mortalidade precoce, como é o caso do enfarte de miocárdio”, acrescentou.

A Zonulina é uma das principais proteínas envolvidas na manutenção da integridade da barreira intestinal, pelo que níveis elevados desta proteína no sangue constituem um marcador de permeabilidade intestinal. E foi justamente isso que este estudo observou em jovens que já tinham experienciado um enfarte.

Pelo contrário, os homens e mulheres centenários apresentavam níveis séricos de zonulina significativamente mais baixos, “o que sugere que manter uma barreira intestinal íntegra pode ser um dos segredos da longevidade”, disse o investigador.

Um segundo marcador analisado neste estudo foi a endotoxemia. Um dos mais importantes fatores de risco para a endotoxemia é a permeabilidade intestinal aumentada.

A endotoxemia resulta da absorção para a circulação de um composto (endotoxina) existente em bactérias que habitam, por exemplo, o intestino.

Nesta investigação, os níveis séricos de endotoxina eram menores em centenários do que em jovens que já tinham experienciado um enfarte e inclusive em jovens saudáveis sem doenças aparentes.

A endotoxemia pode causar inflamação crónica que, por sua vez, pode levar à diabetes, AVC e enfarte de miocárdio, causas de mortes prematuras na maioria dos países do mundo.

“É importante distinguir envelhecimento de envelhecimento saudável e este estudo traz pistas sobre qual será o possível caminho de longevidade com saúde. Esta investigação carece, porém, de confirmação por outros estudos”, acrescentou Pedro Bastos.