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Carrilho: “Se houve excessos foi de devoção doméstica e não de violência doméstica”

O antigo ministro da Cultura voltou esta segunda-feira (13) a tribunal no âmbito do processo de violência doméstica, colocado pela ex-mulher, para continuar a depor, tal como já tinha feito na semana passada.

Sentado à frente da juíza Joana Ferrer, Manuel Maria Carrilho relatou, mais uma vez, alguns episódios íntimos da vida com Bárbara Guimarães.

“A minha ex-mulher nunca permitiria que eu visse os meus filhos. Eu tinha noção que os meus filhos estavam sequestrados”, começou por dizer em relação ao facto de ter sido impedido de entrar em casa e de contactar com os filhos, quando regressava de uma viagem a Paris, em outubro de 2013.

Segundo o arguido, Bárbara – que preferiu não assistir ao depoimento do ex-marido – terá montado “um plano” contra si. O objetivo, refere, seria acusá-lo de violência doméstica.

“A Bárbara é uma vedeta que não suporta ser contrariada. Nunca a proibi de beber, nem escondi garrafas. Disse-lhe que o caminho era mau”, relatou sobre a “dependência crescente” da apresentadora em relação às bebidas alcoólicas.

Manuel Maria Carrilho julgamento violência doméstica

O arguido afirmou ainda que os filhos do casal, Dinis e Carlota, hoje com 13 e seis anos, puderam presenciar isso mesmo.

“O Dinis viu muitas vezes a mãe alcoolizada. A Carlota, com dois anos, sabe lá o que é isso. O Dinis percebia à noite depois do jantar e dizia: ‘A mãe já não está bem’. A Bárbara quando bebe demais fica sem sentido. Eu minimizava todos os danos. A minha preocupação era deitar os meus filhos”, garantiu Carrilho, insistindo que lhe roubaram “a casa, os bens, os livros, os meus filhos”.

Quanto às nódoas negras que Bárbara Guimarães tinha, e fundamentadas com fotografias anexas ao processo por parte da acusação, o antigo político não tem dúvidas. “A Bárbara apresentou sempre marcas. Queixava-se muito: ela própria falava nisso. Uma pessoa mais alcoolizada fica com menos equilíbrio”, justificou.

Paulo Sá e Cunha, advogado de Manuel Maria Carrilho julgamento violência doméstica

Carrilho negou as acusações de violência doméstica e até afirmou que só tiveram filhos por generosidade sua.

“Se houve excessos da minha parte foi de devoção doméstica e não de violência doméstica. Foi de alguma generosidade eu ter filhos aos 53 e aos 59 anos. A Bárbara jurava amor e sacrifício eterno”, salientou, ainda que admitisse que ela é uma mãe presente e atenciosa.

Perante a juíza, o antigo governante socialista insistiu que as acusações surgiram em 2013, porque foi nesse ano que a apresentadora esteve sem trabalhar.

“Acho que a Bárbara passou mal esse ano e andou à procura de alternativas para a vida. Tentou ser diretora da revista Ativa, tentou entrar no canal Caras e em programas. A certa altura desistiu. Queria fazer programas sozinha. Durante um ano não teve trabalho. Teve galas, mas isso é um dia. Eu ajudava-a imenso porque ficava muito tensa nos dias antes”, contou, indo mais longe nas afirmações: “A Bárbara sempre assumiu: ‘Eu não sei nada! Manuel ajuda-me’. Assumia que tinha falta de formação”.

Manuel Maria Carrilho julgamento violência doméstica 6

Confrontado com algumas das entrevistas que deu à imprensa, depois da separação, Carrilho alegou mais uma vez estar a ser vítima, nomeadamente de uma descontextualização do que disse. No final da audiência e questionado, à porta do edifício, pelos jornalistas, o arguido salientou: “Uma coisa é uma entrevista e outra são declarações.”

Este processo de violência doméstica decorre há mais de um ano no Campus da Justiça, em Lisboa. Ainda falta ouvir cerca de 40 testemunhas, sendo que a próxima sessão está marcada para a próxima segunda-feira, dia 20.

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho estão oficialmente separados desde novembro de 2013.

Texto: Raquel Nunes e Fotos: César Lomba