Saúde & bem-estar

Análise ao sangue pode indicar o melhor tratamento para a depressão

De acordo com um novo estudo, um exame de sangue pode ajudar os médicos na indicação do melhor tratamento contra este estado que atinge grande parte da população mundial.

Publicada recentemente no jornal científico International Journal of Neuropsychopharmacology, a pesquisa mostra que a análise pode identificar o nível de inflamação nos pacientes, o que, por sua vez, “prevê” quais os pacientes que respondem melhor ao tratamento de primeira linha e quais precisam de remédios mais potentes.

De acordo com informações divulgadas pela CNN, estudos recentes mostraram ainda uma associação entre altos níveis de inflamação em pacientes com depressão e baixo sucesso nas taxas do tratamento de primeira linha, feito com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

Atualmente o tratamento-padrão para depressão é um “jogo” de tentativa e erro. O médico prescreve um medicamento que deve ser tomado por até doze semanas e, enquanto isso, vai monitorizando a melhoria do paciente. Se há pouca ou nenhuma resposta, o remédio é trocado ou então associado a outro, até que se encontre uma terapia efetiva. Portanto, identificar precocemente o nível de inflamação do paciente pode já indicar se ele precisará iniciar o tratamento com medicamentos mais fortes.

“Se os pacientes não melhoram, eles simplesmente vão trocando os medicamentos na esperança de que algum funcione. O exame pode reduzir esse tempo de resposta das pessoas ao indicar um remédio que provavelmente será mais efetivo”, disse Carmine Pariante, professor de psiquiatria biológica na King’s College London, criador do teste e principal autor do estudo.

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Para analisar a efetividade do exame, Carmine e a sua equipa realizaram analisaram no sangue de 140 participantes com depressão os níveis dos marcadores biológicos MIF e (IL)-1 β. Os resultados mostraram que um terço (33%) dos pacientes tinha altos níveis desses marcadores e, portanto, alto nível de inflamação. Os mesmos pacientes não responderam à primeira linha de medicamentos prescrita.

O teste mostrou também que os participantes com menores níveis de inflamação foram os que melhor responderam ao tratamento-padrão, o que comprova a tese dos investigadoress. “Nós determinamos com 100% de precisão quais pacientes não respondem a esses medicamentos de primeira linha. Esse um terço precisa de uma intervenção mais complexa“, disse Carmine.

A associação entre inflamação e gravidade da depressão já é conhecida há algum tempo. Acredita-se que a inflamação afete os mecanismos alvo dos antidepressivos, interferindo no sucesso desses medicamentos e aumentando a produção de compostos tóxicos no cérebro que, por sua vez, podem piorar os sintomas depressivos. Portanto, encontrar maneiras de testar os pacientes para essa inflamação é uma forma de melhorar a indicação de tratamento para eles.

Segundo o autor, o novo estudo “destaca a importância da saúde física no contexto de depressão” e mostra que “o corpo pode participar na gravidade da depressão e na capacidade de resposta aos antidepressivos”, já que a inflamação pode ser um resultado de vários problemas de saúde, incluindo infecções e doenças como o diabetes.

Apesar dos resultados, os autores ressaltam que, antes de tornar esse exame padrão, é preciso realizar mais pesquisas em uma amostra maior de pacientes.