Dantas Rodrigues

Advogado

Feliz Páscoa!

Festa maior da nossa civilização, que é – para os mais esquecidos – de matriz católica, apostólica e romana, a Páscoa, mesmo para quem não frequenta a Igreja, simboliza a salvação dos cristãos por via do mistério da Ressurreição de Cristo. Nos tempos que correm, estas palavras soam a tudo menos a modernidade, por não refletirem a descristianização que se vai paulatinamente instalando no Ocidente, e à qual se dá, indevidamente, o nome de laicidade de Estado. Uma e outra nada têm de comum, laicidade significa não-imposição de uma qualquer religião, seja ela qual for, a quem quer que seja, e descristianização significa interdição, quando não mesmo vexame público de quem acredita num Deus que não seja oficial. A laicidade é democrática e a descristianização é impositiva.

Exemplo claro, nada melhor do que a França, país que no século XIX «inventou» o neologismo laicidade para não afastar a burguesia emergente das grandes escolas, até então dominadas pelos dois estados, simbolizados através do clero e da nobreza. Hoje, com o multiculturalismo, um aluno francês de gema precisa de pedir uma autorização especial para que lhe seja servida na cantina da sua escola carne de porco ou, no caso de querer ir dar umas braçadas na piscina da dita escola, só o poder fazer a horas em que não estejam lá colegas femininas das arábias a banhar-se. Eis, para mim, o que é descristianização de Estado e, ainda por cima, tolerada pelas próprias autoridades desse mesmo Estado.

A Páscoa é, por excelência, sinónimo de inocência e de obediência, ambas simbolizadas no cordeiro que é sacrificado em memória de Abraão, posto à prova por Deus, que lhe pediu que sacrificasse o seu filho. Abraão aceitou, mostrando desse modo a sua submissão à vontade divina, mas, no momento em que ia vibrar o golpe fatal, Deus travou-o, permitindo-lhe substituir o filho pelo dito cordeiro.

Esta metáfora da Bíblia, bem como a Vigília Pascal, mais a Procissão da Ressurreição – tudo, em suma, constitui a verdadeira essência do tempo pascal que atravessamos e que muito devia dar que pensar. Feliz Páscoa!

**Por Dantas Rodrigues, sócio-partner da Dantas Rodrigues & Associados