Tozé Santos e Sá

Advogado

BIP`S – bucólicas insignificantes personagens

De tempos a tempos, previamente marcado, lá está de volta o espectáculo vip, “bip” porque é no norte. E, ao contrário do mundo, o movimento migratório das gentes que desfilam fora da passerelle só tem décadas.

Quem vê sente-se intrujado. Práticas de vários anos de experiência que nunca mudam, mantendo-se os esquemas e os preparos: aguardar bem no meio do caminho até que apareça alguém que repare que existem para terem o seu momento de glória personificado num sentar na primeira fila ou numa foto para a posteridade, numa publicação que, sem outro assunto, usa e abusa do mesmo casting. Quem é ainda mais desconhecido – uma ameaça de celebridade – até corre, evitando assim uma ida ao ginásio.

Ir ao carro no intervalo mudar de indumentária mostra bem o espírito de moda interiorizado de quem queria desfilar, mas já não é convidado. Na falência de células cinzentas, vestir uns trapinhos, não faz boa a pobre gente.

Quase sempre os mesmos ocupam cadeiras das quais não desgrudam. Pedintes, antes e durante, esperam o tempo que for preciso pela oportunidade criada. Apreciá-los é tao triste e fantasmagórico como deprimente. Aprende-se a ter vergonha alheia.

Por alguma razão, alguém tem que a ter. A maior parte das vezes, os jornalistas nem sabem o nome da personagem, tiram porque a pose é tanta que deve ser alguém significante…outras vezes porque são cromos que já conhecem de outras modas. Escova a fotógrafos, impressiona! E ver como os fracos se juntam…

Da vida real só conhecem as dificuldades que escondem. A sua realização pessoal passa por estes momentos e pelo resultado dos seus esforços nas publicações seguintes. As exigências têm de ser maiores que apenas premiar os básicos…Mas, como o bom senso foi mal distribuído à nascença e estes pobres coitados ficaram esquecidos, deixemo-los serem felizes com estes avanços sociais, que tristezas já têm eles todo o ano.

Agora, vou ali, desfilar no mundo real e tirar um apontamento… Até terça!