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Assassino de jornalistas era uma pessoa conflituosa

Vester Lee Flanagan II, de 41 anos, que matou a jornalista Alison Parker e o repórter de imagem e Adam Ward, durante uma transmissão em direto para o canal WBDJ, na quarta-feira, dia 26, tinha sido demitido da emissora há dois anos.

Flanagan, que trabalhava como jornalista sob o nome de Bryce Williams, tentou suicidar-se depois de tentar fugir do local do crime, de carro, e morreu horas depois já no hospital.

Uma conta no Twitter em nome de Bryce Williams publicou, logo após o crime, alguns comentários sobre Alison Parker, acusando-a de ter feito observações racistas. Em seguida, escreveu: “Eles (a emissora) a contrataram depois disso?”. Parker era estagiária da WDBJ até ser contratada no ano passado.

Flanagan acusou ainda Ward de ter apresentado uma queixa contra ele aos Recursos Humanos da empresa, após terem trabalhado juntos. “Filmei o tiroteio, veja o Facebook”, escreveu na mesma rede social e em seguida publicou vídeos do momento dos assassinatos.

A conta no Twitter (@bryce_williams7) foi criada há cerca de duas semanas. Antes do assassinato, Flanagan publicou algumas imagens pessoais no perfil.

Duas horas depois do crime, ele terá enviado um fax à emissora ABC, no qual fazia referência à morte de fiéis numa igreja negra da Carolina do Sul, em julho, dizendo que a morte dos jornalistas seria uma vingança ao massacre.

Alison Parker e Adam Ward
Alison Parker e Adam Ward

“Um homem difícil de trabalhar”
Após a tragédia, a WDBJ dedicou todo o seu espaço para lembrar das vítimas. Jeff Marks, diretor da emissora, também falou sobre Flanagan, contratado em 2012 e demitido um ano depois: “Vester era um homem infeliz. Ele tinha algum talento, uma boa experiência, quando foi contratado, mas rapidamente ganhou a reputação de alguém com quem era difícil trabalhar. Ele procurava pessoas para que pudesse criar um conflito. Depois de vários episódios em que ele se deixou dominar pela raiva, nós o demitimos.”

Ao que parece, o jornalista “não lidou bem” com a demissão e a polícia precisou ser chamada para retirá-lo do prédio. Apesar disso, o suspeito não deu indícios de que faria algum mal a alguém da estação. Flanagan encontrou alguns funcionários da WDBJ na cidade após ter sido demitido, sem qualquer reação, acrescentou Marks.

Antes de ser demitido, Flanagan fez acusações de ter sido vítima de racismo. “Falamos com toda gente na emissora, apesar de termos aqui um ambiente muito diversificado. Nenhuma acusação foi corroborada e acabou arquivada”, garantiu o responsável.

Em 2000, Flanagan disse ter sido vítima de racismo ao ser demitido da WTWC-TV, uma afiliada da NBC em Tallahassee, na Florida. De acordo com o jornal “Tallahassee Democrat” publicou na época, ele alegou que diretores e colegas fizeram comentários ofensivos sobre negros e que, ao reclamar, acabou por ser demitido.

A WTWC-TV negou as acusações. Segundo o jornal “The Telegraph”, uma fonte afirmou que Flanagan foi demitido por apresentar um comportamento “bizarro” e “ameaçar funcionários”. O caso foi resolvido em um acordo extrajudicial em 2001.

O suspeito tinha também uma conta no YouTube onde publicou, há cerca de dois anos, o seu currículo, com várias reportagens para diferentes emissoras, abordando assuntos variados. Além de trabalhar em diversas emissoras ao longo da carreira, Flanagan também foi modelo na década de 1990.