De chorar por mais

Duque de Caminha

Um Duque que Reina em Caminha!

A bonita Caminha, com uma das mais deslumbrantes baias de Portugal – onde o Coura e Minho vêm namorar o Mar, foi no Século de XVII um conhecido Ducado, liderado por D. Miguel de Noronha, o Duque de Caminha

Ora D. Miguel talvez pela proximidade com Espanha, logo a seguir à Revolução que devolveu a independência a Portugal, revoltou-se contra D. João IV – o Rei restaurador que inauguraria a dinastia Bragantina.

A intentona, não surtiu o efeito desejado por D. Miguel que sucumbiu e foi decapitado pelas tropas fieis a D. João Castro.

Alguns séculos depois há uma outra história que se viria a cruzar com esta.

Manuel Jorge Teixeira de Carvalho e Sua esposa Olimpia Martins, regressaram da Bélgica onde tiveram abundantes experiências em diversos restaurantes deste Pais que tantos portugueses tem acolhido.

duque de caminha4

As saudades da terra fizeram com que os dois voltassem e gostaram de Caminha. Manuel Carvalho, sentiu no ar o peso histórico da Vila e gostou da história e do imaginário do revoltoso Duque de Caminha.
Por isso há já vinte anos decidiu abrir uma das mais consagradas casas de comer do alto Minho.

O Peixe que A Chef Olimpia Martins nos serve é de nos fazer subir ao Olimpo. De facto, a matéria prima vem mesmo dali, do mar português generoso naquela costa do Robalo, do sargo e da lagosta e do lavagante que também se apanham naquelas costas.

Comemos um arroz de robalo primoroso. Arroz carolino, do baixo Mondego, como deve ser. Sem tomatadas exageradas, feito na hora, com a posta do robalo a cruzar os seus sucos no arroz que abre devagarinho até chegar à mesa naquele ponto certo de sapidez e cozedura.

Se em vez de Robalo pedir o arroz de lavagante então não sobe ao Olimpo, fica lá!

duque de caminha3

Mas o Duque de Caminha tem outras apetecíveis especialidades. Comece por uma amêijoas babosas, vindas do Algarve na grandeza daquela textura carnuda e daquele inesquecível sabor a mar. Prove umas gambas à asturianas que aqui são muito apreciadas.

Do peixe já falamos e como diz Manuel Carvalho, um homem alegre que enche a sala com a sua radiosa simpatia, se o pedir sabe que vai pedir algo “muito mais melhor”. Não hesite por isso em pedi-lo. Na grelha, assado, na cataplana ou no arroz, não perca esta casa onde, no Verão, o Duque é feito Peixe. D peixe ou a lampreia e o sável que ali sobem o Rio para a desova e são preparados com esmero tal que à casa acorrem procissões inteiras de devotos. O sável faz-se frito e de escabeche, mas também de debulho, aproveitando as melhores ovas que existem no mundo. A lampreia vem, claro está, à bordalesa ou no arroz e considerada património universal de Caminha.

Mas porque também há Inverno, o Duque não se fica por aqui. E puxando às origens transmontanas da Chef Olimpia, aqui se fazem pratos de caça como em mais lado nenhum: Do veado, ao javali, à lebre marinada em vinho tinto ou à perdiz do monte, servida com castanhas, depois de marinada e estufada em lume levezinho. A mim ficou-me o olho e as papilas no arroz de perdiz com carqueja que hei-de vir cá comer se Deus e o Duque me permitirem.

A bochecha de porco marinada, a pá de borrego no forno e a posta à D. Balbina, são outras propostas deliciosas que fazem da casa um ponto de encontro dos melhores gastrónomos.

duque de caminha2

Um deles vejam lá, é o famoso actor Marcelo Mastroianni que se babou no Duque de Caminha, com aquele peixe português que é o melhor que há no Mundo. E a impressão que levou foi tal que registou a passagem pelo Duque de Caminha no seu livro “Je me souviens, je me souviens”, cujo exemplar o nosso anfitrião Manuel Carvalho nos mostra com orgulho.

Bebemos um Soalheiro que é um dos honestos da virtuosa casta Alvarinho. E percebemos que a carta é ampla e equilibrada.
Não falamos do espaço que é muito bonito e acolhedor, nem do serviço feito do carinho e da alegria do mestre Manuel Carvalho.

As sobremesas são feitas na casa. Experimente a tarte tatin, uma das especialidades ou o leite de créme queimado na hora.

Cá fica mais uma fortissima recomendação. Quando passear pelo litoral de Minho – e que bonito qe ele é, venha decapitar a fome e a saudade de boa comida neste Duque de Caminha, uma casa séria, dirigida por um homem alegre e uma Chef que faz a cozinha dos Deuses.

duque de caminha6

Restaurante Duque de Caminha
Rua Direita 27, 4910 Caminha
Tlf.: 258 722 046