Cultura

Maria Leal da Costa expõe esculturas em Bruxelas

A escultora Maria Leal da Costa vai inaugurar uma exposição com uma dezena de obras na Casa do Brasil, em Bruxelas, a 15 de janeiro, inspirada na literatura portuguesa, de Camões e Fernão Mendes Pinto, a Gonçalo M. Tavares.

“Leituras Líticas” é o título desta mostra com obras em mármore e metais, algumas delas inéditas, como a de maiores dimensões do conjunto, com 12 metros de comprimento, que consiste num livro.

Esta peça, em formato de harmónio, desdobrável, realizada em aço, pedra e bronze, tem em cada folha uma história e desenhos que espelham momentos particulares de interrogação e reflexão do percurso de vida da artista.

Em declarações à agência “Lusa”, Maria Leal da Costa, que foi recentemente premiada pela Sociedade Nacional de Belas Artes, indicou que irá levar “a literatura portuguesa a Bruxelas”, nesta exposição.

“Os livros marcaram muito a minha obra e esta nova peça mostra-o mais uma vez”, disse, sobre as esculturas, que têm por base a ideia de livro enquanto mapa/itinerário existencial.

Essencialmente, a mostra reflete a influência de duas obras da literatura portuguesa, de épocas muito distintas: “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, cujo imaginário já foi, anteriormente, alvo da atenção da escultora, que lhe dedicou todo um ciclo temático e montou uma exposição alusiva para a Câmara Municipal de Matosinhos.

A par desta obra de referência da literatura portuguesa, mas num contexto de contemporaneidade, surge “Viagem à Índia”, de Gonçalo M. Tavares, outro dos marcos da escultora para a exposição em Bruxelas.

Vários excertos deste livro – uma epopeia moderna onde se glosam os “Lusíadas”, de Luís de Camões – foram selecionados para acompanhar as obras expostas, sugerindo possíveis linhas de interpretação.

A escultora disse à Lusa que está neste momento a concluir a preparação de um livro que traça uma retrospetiva de todo o seu trabalho até ao presente, contendo extensa documentação fotográfica e textos de análise crítica e interpretativa.

Nascida em Lisboa, em 1964, Maria Leal da Costa frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, e expõe os seus trabalhos desde 1994, possuindo atualmente ateliê na Quinta do Barrieiro, em Marvão, onde vive e trabalha desde 1999.

A sua obra encontra-se representada em Portugal e no estrangeiro, em coleções públicas e privadas, nomeadamente no Museu da Cidade de Lisboa.

No estrangeiro tem obras em coleções municipais de Punta Umbría, em Espanha, de Macau, na China, de São Francisco, nos Estados Unidos, e de Vilnius, na Lituânia.

No final de 2014 foi distinguida com o Prémio do Salão Anual da Sociedade Nacional de Belas-Artes pela obra “Correntes de Água”, apresentada numa exposição com obras de 173 artistas.

A mostra “Leituras Líticas” estará patente em Bruxelas até 5 de fevereiro, com o apoio da Livraria Orfeu (Bruxelas), do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal na Bélgica.

Maria Leal da Costa