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Tragédia do Meco foi há um ano

Esta segunda-feira, dia 15, faz um ano que seis estudantes da Universidade Lusófona perderam a vida depois de terem sido arrastados por uma onda, na praia do Moinho de Baixo, no Meco.

Um ano depois os familiares das vítimas continuam a questionar se as mortes ocorreram no contexto de uma praxe académica e se houve um envolvimento direto de João Gouveia, “dux” da Lusófona e único sobrevivente da tragédia, nos acontecimentos. Uma hipótese que o Ministério Público (MP) já recusou quando arquivou o inquérito, em julho, mas que os pais não excluem por entenderem que existem várias contradições nas conclusões da investigação.

A possibilidade de o acidente ter ocorrido durante um cenário de praxe foi abordada logo nos primeiros dias que se seguiram à tragédia. Os jovens tinham sido vistos a ir para a praia vestidos com o traje académico e sabia-se que nessa noite apenas João Gouveia teria levado o telemóvel consigo.

Várias testemunhas da localidade de Aiana de Cima, onde os estudantes estavam alojados nesse fim de semana, que foram ouvidas pelo MP, asseguraram ter visto os estudantes a rastejar com pedras.

Apesar das várias suspeitas, a versão de João Gouveia foi outra e afastou a ideia de praxe. O único sobrevivente garantiu às autoridades que não houve qualquer ritual académico na noite da tragédia.

Depois de sete meses de investigação, o MP de Almada concluiu, a 25 de julho, que tudo não passou de um acidente. De acordo com o despacho de 100 páginas, o grupo de sete jovens, onde se incluía João Gouveia, foi arrastado para o mar, surpreendido por uma onda de grandes dimensões, quando conviviam no areal.

De imediato, a decisão foi contestada pelos familiares das vítimas que não só questionaram o arquivamento, como defenderam que o mesmo apenas adensava ainda mais as dúvidas em relação ao incidente.

Outra das contradições apontada pelas famílias prende-se com as localizações celulares. Uma análise aos documentos fornecidos pela Vodafone à Polícia Judiciária mostra que os telemóveis de João Gouveia e de uma das vítimas, Catarina Soares, acionaram na noite fatídica as antenas da Costa da Caparica e de Oeiras norte, em vez da antena do Meco. Perante estes dados, as famílias acreditam que João Gouveia poderá ter fugido da praia e regressado, mais tarde, para simular uma situação de pré-afogamento.

Os pais exigem respostas da Justiça e, por isso, apresentaram um pedido de abertura de instrução. O processo foi reaberto a 15 de outubro e João Gouveia constituído arguido.

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