Atualidade

Clara Pinto Correia encontrada morta em casa

A escritora, bióloga e professora universitária, Clara Pinto Correia, foi encontrada morta em sua casa, em Estremoz, esta terça-feira. Tinha 65 anos.

O presidente da República já apresentou “os seus afetuosos sentimentos” à família, amigos e admiradores de Clara Pinto Correia e disse ter ficado “consternado pela sua partida prematura”.

“Clara Pinto Correia juntava à alegria de viver, uma inteligência e um brilho que se expressaram na intervenção oral e escrita, no magistério científico e na comunicação com os outros”, lê-se numa nota no site da Presidência.

“Não deixou nunca ninguém indiferente. Daí o sentido de ausência por todos partilhado neste momento”, acrescentou.

Clara Pinto Correia licenciou-se em Biologia pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidade do Porto, iniciando uma carreira universitária e de investigação no domínio da Embriologia no Instituto Gulbenkian de Ciência e nos Estados Unidos.

Em 1984 editou o seu primeiro livro, o romance ‘Agrião’, mas ganhou notoriedade com ‘Adeus Princesa’, que deu origem a um filme.

Chegou a apresentar programas de televisão, sendo uma figura popular no fim do século passado, tinha-se afastado dos holofotes nos últimos anos. Entre vários problemas, teve que enfrentar a misteriosa morte do ex-marido, Pedro Palma, encontrado morto dentro da bagageira do próprio carro.

Clara Pinto Correia chegou a confessar algumas das suas mágoas, como ter passado por um período difícil, depois de ter ficado sem emprego e ter sido despejada da casa onde viveu durante 30 anos. Numa entrevista à revista Sábado, em janeiro de 2025 contou: “Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela”.

No início de 2003 esteve envolvida numa polémica, acusada de plágio num artigo que escreveu na revista Visão. “Eu estava nos Estados Unidos. Na altura não havia Google. As pessoas começaram a ligar-me para casa, a dizer que eu tinha plagiado não sei o quê. Nem sequer sabia do que estavam a falar. No segundo dia, telefonou a minha mãe a dizer: ‘Não respondas a nada do que as pessoas te perguntarem. Estão a aproveitar tudo o que dizes para fazerem de ti parva.’ E eu calei-me.”

Clara Pinto Correia teve três casamentos e adotou duas crianças.

Ainda não foram confirmadas as causas da morte.