Saúde & bem-estar

Implantes permitem a crianças surdas atingir linguagem quase normal

Uma criança com surdez severa e profunda pode atualmente atingir aos quatro anos uma linguagem quase igual à de outras crianças e aos seis anos iniciar uma escolaridade normal, segundo os peritos.

Os implantes cocleares, considerados tecnologia muito avançada, devem ser aplicados por volta de um ano de idade quando um bebé com surdez profunda não tem benefícios com prótese auditivo convencional.

Um implante coclear é um dispositivo eletrónico que tem o objetivo de substituir as funções das células do ouvido interno de pessoas com surdez profunda que não são beneficiadas pelo uso de aparelhos auditivos.

O tema dos implantes cocleares é um dos abordados no congresso da Sociedade Europeia de Otorrinolaringologia Pediátrica, que juntou recentemente, em Lisboa, cerca de 1.500 especialistas.

“Se a criança não tiver outras anomalias, por volta dos quatro anos de idade poderá ter uma linguagem quase igual à de uma normo-ouviente e aos seis anos iniciará uma escolaridade normal”, explicou o médico otorrinolaringologista Victor Correia da Silva.

O principal desafio nos casos de surdez severa em bebés é o do diagnóstico precoce, conseguido através do rastreio auditivo neonatal, que permitirá encaminhar as crianças com necessidades para centros especializados.

A médica otorrino Luísa Monteiro lembra que os problemas auditivos têm aumentado em recém-nascidos, sobretudo em grandes prematuros, devido precisamente a um maior número de casos de sobrevivência desses bebés, com maior risco de desenvolver problemas de surdez.

Por outro lado, também nos idosos os problemas auditivos estão a aumentar, em grande parte com o prolongamento da esperança de vida. Os especialistas sublinham que a surdez em idosos, não sendo corrigida, leva a maior isolamento e pode agravar a progressão de demências.

No que toca a crianças e a adolescentes, o médico otorrinolaringologista Jorge Quadros nota uma diminuição de problemas ao longo das últimas décadas, face à precocidade do diagnóstico e das terapias adequadas, “com procedimentos que evitam complicações a médio e longo prazo”.

Na Europa, em 2013, cerca de 63,6 milhões de pessoas viviam com incapacidade auditiva, projetando-se sejam cerca de 70 milhões em 2017.