Saúde & bem-estar

Apneia obstrutiva do sono afeta um milhão de portugueses

Com uma prevalência de cerca de um milhão de portugueses, a apneia do sono afeta as noites de muitas famílias e pode ter consequências graves na saúde dos doentes. Esta doença é mais frequente nos homens, sobretudo a partir dos 40 anos.

“O ressonar intenso deve ser o principal alerta, embora existam outros sintomas que podem ajudar a diagnosticar a doença, como é o caso da sensação de noites mal dormidas, cansaço, sonolência, ansiedade e dificuldades de concentração e memória”, revela António Sousa Vieira, coordenador da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Lusíadas Porto.

“Estima-se que, em Portugal, este problema afete cerca de um milhão de pessoas, um número bastante preocupante se pensarmos nas consequências da doença. A escassez de oxigénio no cérebro durante a noite pode conduzir a diversos problemas como a depressão, irritabilidade, sonolência durante o dia, problemas conjugais e, relacionado com a privação do sono, acidentes de trabalho ou viação”, acrescentou

“Não sendo tratada, a apneia do sono pode levar à degradação das funções cognitivas”, alertou o otorrinolaringologista, concluindo ainda que “a concentração e a memória são afectadas, pode ocorrer a perda da função sexual e há maior risco de hipertensão, de arritmias e de enfartes nocturnos”, explicou.

Segundo Chaves Caminha, coordenador da Unidade de Pneumologia do Hospital Lusíadas Porto, “perante a suspeita apneia do sono é mandatório a realização de uma polissonografia. Os estudos poligráficos do sono para diagnóstico devem preferencialmente ser realizados sob vigilância, isto é, em internamento, incluindo monitorização de parâmetros eletroencefalográficos, respiratórios e eletromiografia dos membros inferiores”.

“A polissonografia é o único método de diagnóstico rigoroso da apneia obstrutiva do sono. Este exame consegue identificar os momentos em que o paciente tenta respirar e não consegue devido a uma obstrução e permite ainda avaliar se a apneia é total ou parcial, se a sua causa é central ou periférica”, concluiu o pneumologista.

O tratamento da apneia do sono implica muitas vezes uma abordagem multidisciplinar nas áreas de otorrinolaringologia, pneumologia, neurofisiologia e Cirurgia Maxilo-Facial e consiste em manter as vias respiratórias abertas para que a respiração não seja comprometida durante o sono.

Os aparelhos odontológicos na boca são uma das opções de tratamento e têm como objectivo manter a mandíbula posicionada mais para a frente e impedir o bloqueio das vias aéreas. Em casos mais ligeiros, a cirurgia ao nariz e/ou ao palato e amígdalas podem resolver a roncopatia e o SAOS. A cirurgia ortognática (dos maxilares) pode ser necessária nas situações mais graves, tal como os aparelhos de pressão positiva (CPAP ou BIPAP) que podem ser usados em todos os estados.