Saúde & bem-estar

Depressão já é a doença mais incapacitante

De acordo com previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS), feitas no século passado, em 2030 a depressão seria responsável por 9,8% do total de anos de vida saudável perdidos para doenças. Pois esse índice foi atingido em 2010.

E as perspetivas não são animadoras, segundo Kofi Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas, que abriu o seminário “The Global Crisis of Depressio”, promovido pela revista britânica “The Economist” e realizado em Londres em novembro.

“A depressão atinge hoje quase 7% da população mundial – cerca de 400 milhões de pessoas”, apontou. “Incapacita os atingidos pela doença, coloca um enorme peso nas suas famílias e rouba à economia a energia e o talento das pessoas”, acrescentou.

Segundo Annan, em 2010 os custos diretos e indiretos da depressão eram estimados em 800 bilhões de dólares no mundo todo. “E, de acordo com as previsões, esse custo deve mais do que dobrar nos próximos 20 anos”, alertou.

Um estudo apresentado no evento pelo diretor do Instituto de Psicologia Clinica e Psicoterapia da Technische Universitaet de Dresden, Alemanha, Hans-Ulrich Wittchen, sustenta este cálculo. A pesquisa analisou dados de 30 países de 2001 a 2011.

“Os males da mente são os mais prejudiciais e limitantes entre todos os grupos de doenças. E a depressão, individualmente, a mais incapacitante das doenças”, afirmou, citando dados da OMS e os que sua pesquisa levantou.

Os resultados, para a economia, são também gigantescos: em média, pessoas com depressão perdem cerca de oito dias de trabalho por mês, contra apenas dois da população “saudável”.

A doença atinge principalmente as mulheres, especialmente no seu período fértil e mais produtivo. “Há muitas implicações para as vidas das crianças e das famílias, pois há a transmissão de comportamentos depressivos para os filhos. Há dados que mostram que isso pode acontecer até mesmo na gravidez”, referiu Wittchen.

Os números mostram que o risco de filhos de mães deprimidas terem depressão até aos 25 anos é duas vezes maior do que entre filhos de mães que não sofreram de depressão.

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