Atualidade

Administrador demite-se após receber carta da filha

Mohamed El-Erian, internacionalmente reconhecido pelo seu trabalho na companhia de gestão de investimento Pimco, revelou ter deixado o cargo de CEO da empresa no início deste ano graças, em boa parte, a uma carta da sua filha. A menina de dez anos escreveu uma lista, na qual apontava 22 acontecimentos marcantes da sua vida que o pai não esteve presente por causa do trabalho.

Entre esses momentos, estavam o primeiro dia de escola, um desfile de Halloween, o primeiro jogo de futebol e muitas festas escolares. O pedido de demissão do guru de investimento em janeiro de 2014 chocou o mundo financeiro. Só agora, num artigo no site “Worth”, El-Erian esclareceu a saída da empresa – ou pelo menos parte das razões que o levaram a abandonar a gestora de investimentos que administra cerca de 2 trilhões de dólares.

“Há cerca de um ano, pedi à minha filha várias vezes para fazer algo — escovar os dentes, eu acho — e não tive sucesso”, escreveu. “Ela então pediu-me para esperar um minuto, foi ao quarto e voltou com um pedaço de papel. Era uma lista na qual ela tinha compilado os eventos e atividades importantes que tinha faltado devido a compromissos de trabalho”, acrescentou.

Segundo o El-Erian, havia uma boa desculpa para cada ocasião: viagens, reuniões importantes, um telefonema urgente e tarefas a cumprir: “Mas apercebi-me de que não estava a considerar algo infinitamente mais importante. (…) Eu não estava a passar tempo suficiente com ela”.

A situação incomodou bastante o administrador: “Foi um sinal de alerta. E é um dos principais motivos pelos quais eu decidi fazer uma enorme mudança profissional”. Após renunciar ao cargo de CEO da Pimco, El-Erian diz que optou por fazer somente trabalhos em part-time, que exigem menos viagens e permitem mais flexibilidade.

O investidor, que estudou em Oxford e Cambridge, afirmou que agora tem tempo até de ir buscar a filha à escola. Desde então, ele e a mulher revezam-se para acordar a menina, preparar o pequeno-almoço e levá-la à escola.

“Infelizmente, nem todas as pessoas têm esse luxo. Mas espero que as empresas deem mais atenção à importância do equilíbrio entre a vida o trabalho, e mais e mais pessoas estejam em posição de decidir e agir em função do que é importante para elas”, finalizou.

Mohamed El-Erian1