Moda

Vítor Rangel: da moda à música

Depois de 15 anos como manequim, Vítor Rangel, de 40 anos, abraçou a atividade de DJ e apresentou um projeto em parceria com Merche Romero. Natural de Moçambique, de onde saiu aos 4 anos de idade, confessou que é nesse país que gostaria de gozar a reforma.

Move – Como é que a moda surgiu na sua vida?
Vítor Rangel –
Nunca achei que tinha jeito ou perfil. Tão pouco seguia a moda. Tinha uma colega que achou que seria um bom manequim para vestir as roupas dela e a minha namorada da altura incentivou-me. Então, fui a Lisboa para participar num casting. Depois comecei a fazer trabalhos e as coisas foram surgindo. Aliás, já comecei, penso que teria já uns 24 anos de idade.

Move- Que recordações guarda dessa experiência?
V.R. –
Tenho muitas histórias, muitas mesmo…. (risos). Mas, acima de tudo, guardo as amizades que fiz e do companheirismo que havia entre os manequins. Quando um manequim novo chegava era acolhido pelos mais velhos. Todos nós nos dávamos bem e éramos como uma família. O que acho que não acontece agora, nem acontecia lá fora. Quando participei em castings fora do país vi que isso não existia.

Move – Qual foi o trabalho que mais o marcou?
V.R. –
Foram tantos…. Mas talvez a primeira Moda Lisboa na qual desfilei. Lembro-me, também, de um casting do Jean-Paul Gaultier superconcorrido e que foi uma experiência única.

Move – Tentou uma carreira internacional?
V.R. –
Fiz alguns trabalhos fora do país, não tantos quanto gostaria, mas não me arrependo. Pois foi uma decisão minha, tinha compromissos cá em Portugal e queria estar com a família. Tive algumas oportunidades para ir para fora, como Los Angeles ou Nova Iorque, mas optei por ficar e não me arrependo.

Move – Tem saudades?
V.R. –
Sim, claro que sim. Mas tenho a noção que foi uma fase da minha vida, como outras profissões, a de manequim tem um tempo. Hoje ainda vou fazendo alguns trabalhos, há mercado para manequins da minha idade e com o meu perfil.

Move – Como surge a música na sua vida?
V.R. –
A música sempre esteve presente, aliás tenho na memória alguns desfiles de moda em que participei e lembro-me das músicas. Além disso, sempre gostei muito de música. Entretanto, como trabalhei com DJ’s fiquei curioso e tirei um curso. Porque acho que se tem que ter gosto, jeito e tem que se aprender. Ainda tenho muito para aprender…

Move – Ser DJ é considerada uma profissão da moda…
V.R. –
Ainda bem que o é, de forma a tirar da marginalidade os DJ’s, porque há uns anos não tinham uma imagem positiva. É claro, que somos um país pequeno e é normal que os DJ’s que andam aqui há mais tempo sintam o seu trabalho a ser reduzido. Gosto de pôr música, mas para mim é um hobby.

Move – Apresentou recentemente um projeto em parceria com a Merche Romero…
V.R. –
Este projeto foi pensado para as noites de verão. A Merche tem uma boa atitude, é bem-disposta e é muito positiva. Confesso que estou bastante animado, mas como qualquer projeto tem o seu tempo de vida, pode durar muito ou pouco tempo. Queremos animar as pessoas e acredito que funcionamos muito bem juntos.

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Move – Paralelamente, contínua a manter a sua atividade profissional…
V.R. –
Sim, contínuo a trabalhar na escola, sou chefe dos serviços administrativos. Além disso, estou a terminar o meu mestrado de tradutor e intérprete. Sempre mantive a minha profissão, porque sou pai e tenho responsabilidades, por isso sempre quis ter uma carreira estável.

Move – O Vítor é pai de duas meninas, Lia, de 12 anos, e Inês de 3 meses. O que mudou na sua vida com a paternidade?
V.R. –
Temos uma perspetiva diferente da vida, pensámos mais nas nossas filhas quando temos que tomar certas decisões. Tenho uma relação especial com a Lia, ela passe metade do tempo comigo e outra metade com a mãe e é muito engraçado vê-la nesta fase.

Move – Foi pai em idades muito diferentes. Hoje vê as coisas de outra forma?
V.R. –
Sim, sem dúvida. Tenho mais maturidade e sei usufruir mais do crescimento da Inês.

Move – Nasceu em Moçambique, veio para Portugal aos quatro anos. Já lá voltou?
V.R. –
Fui lá há cinco anos e foi engraçado, porque quando cheguei lá lembrei-me de coisas da minha infância que cá não me lembrava. Ao ver os locais, ao visitar a minha família a minha memória foi reavivando. Gostava de viver lá um dia, quem sabe quando me reformar.

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Raio X
Naturalidade: Lourenço Marques, Moçambique
Refúgio preferido: A minha casa
Destino de Sonho: Antilhas francesas
Música preferida: todas dos Rolling Stones
Comida preferida: Moçambicana e portuguesa
Clube Desportivo: SL Benfica
Cor preferida: Não tenho. Não gosto de violeta e lilás
O que mais gosta: Boa disposição
O que mais detesta: Estupidez e Burrice
Fotos: Gonçalo Claro