A 86ª edição dos Óscares realiza-se este domingo, dia 2, em Los Angeles. O prémio mais comentado da indústria cinematográfica coleciona fatos históricos e normas inusitadas.
Promovido anualmente desde os anos 1920 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Óscar é conhecido em todo o mundo como um dos prémios mais importantes da indústria cinematográfica. O evento reúne atores, realizadores e grandes nomes do meio, que concorrem em diversas categorias para receber a estatueta dourada.
Apesar de tanta tradição, os inúmeros detalhes do evento são desconhecidos pela maioria dos espectadores. Até mesmo a famosa estatueta do careca musculoso em cima de um rolo de filme tem as suas curiosidades. No regulamento, um documento com mais de trinta páginas, há uma cláusula que impede o vencedor de vender a sua réplica sem primeiro oferecê-la à Academia pela irrisória quantia de 1 dólar. O valor seria mais aceitável no início da década de 1940, quando os organizadores substituíram o ouro – material principal da estatueta – pelo gesso, por causa da escassez causada pela Segunda Guerra Mundial.
Já a edição deste ano reúne alguns recordes, caso de Meryl Streep, que conquistou a sua 18ª indicação ao prémio, e de Jennifer Lawrence, que se pode tornar a atriz mais jovem a ganhar duas estatuetas consecutivas.
Daniel Sousa, realizador português nascido em Cabo Verde, está nomeado para o Óscar de melhor curta-metragem de animação com o filme “Feral”. Em declarações na sexta-feira à agência Lusa, o realizador disse sentir-se lisonjeado pela atenção mediática das últimas semanas, por causa do filme.
“Feral” tem 13 minutos e demorou sete anos a fazer. Daniel Sousa explicou que queria “explorar os conflitos interiores do intelecto e do instinto, a sensação de alienação que uma criança sente quando é exposta a um ambiente novo, e a necessidade de se sentir integrado”.
A curta-metragem, que já foi distinguida em diferentes festivais, nomeadamente em Annecy, em França, e no Cinanima, em Espinho, será exibida hoje, pouco antes das 22:00, na RTP2.
A cobiçada estatueta, que mede 43 cm e pesa quase 4 quilos, é feita de britannium (liga de metal) e banhada com ouro 24 quilates. Entre 1942 e 1945, a Academia sentiu os efeitos da Segunda Guerra Mundial. Devido à escassez de metais no período, as estatuetas passaram a ser feitas de gesso pintado. Depois da guerra, os premiados fizeram a troca pelo Óscar de ouro.
Todas as categorias possuem, no máximo, cinco candidatos, exceto melhor filme. Desde 2012, uma regra permite a indicação de cinco a dez longas-metragens. Os escolhidos são os mais votados pelos membros da Academia, desde que ultrapassem 5% do total de votos do grupo.
Entre atores, produtores, roteiristas, diretores e os mais diversos profissionais ligados ao cinema, a Academia conta com 6.028 membros ativos. A única exigência para integrar o grupo é trabalhar ou já ter trabalhado em cinema. São eles que escolhem, inicialmente, quem irá concorrer em cada área e, mais tarde, quem leva a estatueta para casa. Essa é a primeira vez da história em que o número de votantes ultrapassa a marca de 6.000 pessoas. Jennifer Lawrence, Beyonce Knowles, Will Smith, Keira Knightley, Sofia Coppola, Quentin Tarantino, Bruce Springsteen, Elton John, Eric Clapton, por exemplo, estão entre os votantes.
Ellen DeGeneres é a apresentadora de serviço deste ano. Ellen também apresentou a gala em 2007.
Os quatro temas nomeados ao Óscar de Melhor Canção vão ser interpretados ao vivo na cerimónia.
Assim, Pharrell Williams vai cantar “Happy”, de “Gru – O Maldisposto 2”, os U2 vão interpretar “Ordinary Love” de “Mandela: Longo Caminho para a Liberdade”, Karen O vai dar voz a “The Moon Song”, de “Her – Uma Historia de Amor”, e Idina Menzel vai fazer soar as suas potentes cordas vocais com “Let it Go” de “Frozen – O Reino do Gelo”.
Não é o tempo em cena que indica se um ator será indicado ao prémio para secundário ou protagonista. São os próprios membros do comité dos atores que, na primeira fase de votação, apontam em qual categoria o indicado se encaixa. É preciso ressaltar que cada ator só pode disputar em uma categoria por papel. A decisão é simples: concorre na divisão em que mais recebeu votos. Se empatar entre os cinco mais votados para principal e secundário com o mesmo personagem, a Academia decide.
Quem empresta a voz para papéis que não aparecem fisicamente, como é o caso de Scarlett Johansson no filme “Her”, pode ser indicado aos prémios de representação. No entanto, se a pessoa aparece em cena, mas a sua voz é dobrada, fica impedida de ser eleita. A exceção ocorre em musicais: o ator pode ser dobrado durante as canções, desde que não seja o filme inteiro.
O processo de escolha dos vencedores do Óscar tem duas etapas. Na primeira, os membros ativos da Academia votam por grupos para escolher os finalistas. Por exemplo, editores votam na categoria de melhor edição; realizadores, na de melhor realização; e assim por diante. As exceções são a categoria de melhor filme, na qual todos podem indicar um título, e a de filme estrangeiro, para a qual há um comité de diversas atividades do setor responsável pela escolha dos candidatos. Na segunda fase, todos os membros votam em todas as áreas.