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Afinal a música da IURD falada após o Festival também não é original

Bastou alguém começar a tornar viral o tema “Abre os meus olhos”, uma música incluída num CD brasileiro de cânticos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e dizer que Diogo Piçarra a plagiou para ninguém se dar ao trabalho de ouvir nem ler mais nada. Até porque nisto das redes sociais já se sabe: o que custa é começar, porque depois nunca mais pára.

O cantor já teve de emitir um comunicado a dizer: “A simplicidade tem destas coisas e só quem não cria arte é que nunca estará nesta posição. Faz parte da vida de um compositor e é algo que todos nós iremos “sofrer” a vida toda” e que tinha composto “Canção do Fim” para o seu disco de 2016.

Mas todos se fixaram no tema “Abre os Meus Olhos”, inserido no Volume II do álbum “Cânticos do Reino”, que, segundo Piçarra, é “uma música evangélica de 1979 da Igreja Universal do Reino de Deus” que “desconhecia por completo”.

Houve quem se desse ao trabalho de ir perguntar a opinião ao maestro Vitorino d’Almeida para ver se de facto houve plágio, a RTP3 até falou do comunicado do cantor no seu noticiário à tarde e nas redes sociais destila-se o veneno do costume.

Que isto realmente de ser o favorito do público e do júri só se ‘explica’ com um plágio à IURD.

No entanto, nem esse tema evangélico de 1979 é original. É sim uma versão, em português, da canção gospel “Open Our Eyes“, interpretada por Maranatha Singers, para o álbum Praise II [Calvary Chapel] de 1976.

“Open our eyes Lord / We want to see Jesus / To reach out and touch Him / And say that we love Him” (“Abra os nossos olhos Senhor / Queremos ver Jesus / Para alcançá-lo e tocá-lo / E dizer que o amamos”), diz a letra de 1976.

“Abre os meus olhos, eu quero ver Cristo / Tocar sua face e lhe dar meu amor / e meus ouvidos, pra ouvir sua voz / abre os meus olhos / eu quero ver Cristo”, refere a canção da IURD.

“De costas para o mundo / A tua miragem / Não há amor que dure / Nem tristeza que passe / Tu olhas para tudo / E não vês nada / Só o teu futuro / Na ponta da Arma”, canta Piçarra.

Semelhanças ou não, o que é facto é que esta acusação de plágio logo depois de Piçarra ter ‘arrumado’ a concorrência em menos de três minutos com a sua performance na segunda semifinal do Festival da Canção deste domingo não deixa de ter um ‘timing’ duvidoso.

E a 4 de março “Canção do Fim” continuará a ser uma das favoritas para vencer o certame e representar Portugal na Eurovisão.

Imagens: Reprodução, Redes Sociais e Youtube