Álbuns da Semana

A ilusão do adeus aliada ao fado com ritmo de jazz num grupo de embaixadores

As gerações vindouras vão seguramente ouvir e gostar dos Xutos & Pontapés. Tanto como nós que sugámos todo o tutano da vida desta banda mítica. E vão lamentar. Muito! Quão triste será uma existência privada da possibilidade de ver Tim, Kalú, Cabeleira, Gui e Zé Pedro, juntos e ao vivo, em palco?

O ‘Homem do Leme’ pregou-nos uma partida e abandonou o barco mais cedo. Pura ilusão. Ele nunca nos deixaria à deriva. Na verdade, continuará lá a traçar o rumo. Nas noites quentes de verão, nos coliseus, na Queima das Fitas… Nos locais onde a nossa memória marcou encontro com ele e os bravos amigos que o transportaram rumo à última morada. ‘Para sempre’.

XUTOS

Nos palcos transmitiram-nos sensações únicas, mas os Xutos também tocaram no vinil e passearam-se connosco no walkman, através das cassetes. Mais tarde andaram nos cd’s. Resistiram com força, qualidade e mérito à evolução dos leitores de música e deixaram uma vasta obra, incluindo 13 álbuns de estúdio. TREZE. Aqui só pode haver ‘Dados Viciados’.

O rock dos Xutos abriu o concerto dos Rolling Stones em Coimbra e seguirá nos grandes palcos da memória. Estará sempre lá, “a qualquer dia, a qualquer hora”, como canta um dos temas mais consagrados da banda.

Do rock dos Xutos & Pontapés passamos para a harmonia entre o fado e o jazz, que podemos encontrar no álbum intitulado por ‘Jazz in Fado’.

Este trabalho inovador reúne as melhores canções do fado, os seus melhores intérpretes e alguns dos mais importantes músicos do jazz latino atual. Tudo isto numa ideia congeminada pelo produtor cubado e vencedor de cinco Grammy, Oscar Gomez.

JAZZ IN FADO

Em traços gerais, Carlos do Carmo, Carminho, António Zambujo, Raquel Tavares, Ana Bacalhau, Cuca Roseta, Marco Rodrigues, Hélder Moutinho, Maria Berasarte e Joana Almeida interpretam os temas mais consagrados da história do fado, estilo musical que se apresenta num casamento perfeito com o jazz latino.

‘Estranha Forma de Vida’ ou, por exemplo, ‘Lisboa, Menina e Moça’ são alguns dos temas que compõem este trabalho. O trailer do seu lançamento é revelador da qualidade do projeto.

Com a memória de Zé Pedro como ponto de partida, as nossas sugestões musicais para esta semana ficam exclusivamente entregues à canção portuguesa. E prosseguimos com outro grupo embaixador da canção portuguesa.

O primeiro álbum dos ‘Madredeus’, intitulado ‘Os Dias da Madredeus’, foi publicado num duplo LP de vinil e num CD simples de edição limitada fac-similados, que reproduz ao pormenor o luxuoso LP original de 1987, e repõem na íntegra o alinhamento original.

MADREDEUS

Teresa Salgueiro era, à data, uma jovem e desconhecida cantora, com apenas 18 anos de idade, e estava muito longe de imaginar que tornar-se-ia, juntamente com os restantes membros dos ‘Madredeus’, numa figura de culto até a nível internacional.

Foi com temas como ‘As Montanhas’ que as melodias do grupo começaram a ganhar asas para ultrapassar fronteiras e chegarem ao topo, onde se encontram ainda nos dias de hoje.