Álbuns da Semana

A luz que antecede um cinzento poético na nostalgia da vida

‘Utopia’ é o 9.º álbum de longa duração de Björk e está disponível ao público desde este dia 24 de novembro. Nele, a artista islandesa reaviva o amor e o sexo no seu estilo pouco convencional, mas também propõe novas formas de estar na sociedade.

“Temos Trump, nós temos Brexit, temos nossos próprios problemas na Islândia, nós temos problemas ambientais. Penso que se alguma vez houve necessidade ou urgência em apresentar outro modelo utópico, de como viveremos nossas vidas, eu acho que o momento é agora. Estas são as minhas propostas”, disse a protagonista num direto no Facebook, em jeito de apresentação deste novo álbum.

BJÖRK

Depois do cinzento que imperava em ‘Vulnicura’ (2015), feito em cima do fim da relação de 13 anos com o artista inglês Matthew Barney, este novo trabalho funciona como uma espécie de procura da luz por parte de Björk, no qual ela aproveita para apresentar um novo estilo de vida.

‘Blissing Me’, tema dirigido por Tim Walker e Emma Dalzell, é sintomático. Nessa música, Björk surge num cenário simples e cheio de cor, como gostaria que o mundo fosse, e faz uma bela coreografia. Confira:

Do clima de paz de Björk passamos para o de desassossego de ‘King Krule’, alcunha ressuscitada por Archy Ivan Marshall para este novo álbum, ‘The OOZ’ de seu nome.

Com os instrumentos dessintonizados, uma poesia complexa e um cantar com uma personalidade muito própria, este disco não é fácil de ouvir, mas traz um conteúdo pleno de criatividade.

KING KRULE

O jovem britânico, de apenas 23 anos, também coloca muita tristeza neste trabalho que precede a ‘6 Feet Beneath the Moon’ (2013), mas sempre com aquela maturidade que já traz desde os 19 anos de idade.

Afinal de contas, isso parece não ter mudado. Para prová-lo basta ter em conta o tema ‘Rock Bottom’, de 2012, que surge como uma espécie de espelho do que vai poder ouvir no recente ‘The OOZ’.

Para terminar as nossas sugestões musicais desta semana passamos para a filha de uma das figuras mais marcantes da música francesa no último século, o aclamado Serge Gainsbourg (1928-1991).

A cantora, compositora e atriz franco-britânica, Charlotte Gainsbourg, passou grande parte dos últimos anos a trabalhar na construção da sua própria identidade musical e encontrou-a em ‘Rest’, álbum lançado há pouco mais de uma semana.

Charlotte Gainsbourg

A cantora demorou mais de vinte anos para se aventurar a gravar um segundo álbum, depois da estreia Charlotte Forever (1986). ‘Rest’ é, nada mais nada menos, do que que um trabalho recheado de lembranças familiares.

Por isso, há muita nostalgia nos temas que o compõem, como por exemplo em ‘Ring-A-Ring O’ Roses’. O videoclip foi realizado pela própria cantora e conta a história de um casal de jovens. Charlotte aparece em alguns momentos, mas em cenas que não estão relacionadas com a trama.