Moda

Último dia de Portugal Fashion marcado pelo ecletismo das criações de autor e da indústria

Foi em ambientes inusitados, mas habilmente selecionados, que o terceiro e último dia de Portugal Fashion no Porto arrancou. Katty Xiomara foi a primeira a sair à cena no ex- Matadouro Municipal, em Campanhã, onde a sua coleção primavera-verão 2018 caiu de “paraquedas”.

“Parachute Trip” lançou propostas fluídas e coloridas inspiradas no movimento Art Deco de Miami num espaço que se transformou num bairro artístico criado para evento. A passerelle destacou um mural de 60 metros intervencionados por 14 artistas que se irá manter no local de reunião de indústrias criativas, sugerindo roteiro de arte urbana.

Absorvido a criatividade transversal acicatada por Xiomara, atravessamos o Porto até à margem do Douro, onde o Cais Novo abriu as portas a um Luís Buchinho mais arrojado e fortemente influenciado pela tendência desportiva que se impôs na atualidade.

Padrões retro foram reinventados ilustrando as silhuetas coloridas, com o vermelho morango e o coral a destacaram-se numa paleta maioritariamente em tons pastel. Nos pés, as sandálias gladiador ganharam formas contemporânea, transmitido ideia de conforto e bem-estar a quem assistiu.

Os ponteiros avançavam nos relógios, apontando a bússola de novo para a Alfândega do Porto, com Nuno Baltazar na dianteira que apresentou uma coleção baseada da dicotomia dia/noite e sugestões condizentes.

Desta vez, o estilista preferido da apresentadora Catarina Furtado – que se sentou na primeira fila – deixou a utopia para outras incursões, sugerindo coordenados mais sofisticados. O homem apresentou-se com coordenados que refletem a necessidade atual de estar bem vestido para o trabalho e seguir para uma noite de amigos sem tempo para trocar de roupa.

Alexandra Moura virou a moda do avesso, sobressaindo bainhas por fazer, cortes assimétricos, atilhos, fitinhas, transparências, bolsos grandes, brocados e texturas misturadas de forma inusitada, trazendo forros e costuras para o exterior. Foi como “estar num edifício do século XVIII, mas nos dias de hoje, com a parede rebentada, sabendo que houve muito romantismo ali dentro”, explicou a designer, antes de vermos Pé de Chumbo.

Alavanca das exportações, a indústria do calçado voltou a fazer-se representar no evento e na Invicta, agora que Luís Onofre passou em Lisboa, com cinco marcas de sapatos e uma de malas em foco.

Final da tarde e o conceito familiar da Lion of Porches a devolver a atriz Fernanda Serrano à passerelle. A cultura viajante em que descobrir e explorar o mundo se transformou num modo de vida lançou as propostas num aeroporto improvisado na emblemática Sala de Arquivo.

Micaela Oliveira com o exotismo das suas criações e a masculinidade da Dielmar lançaram a última etapa da iniciativa da ANJE, desta vez com Ana Sousa a rematar, numa prova de fusão entre as diferentes vertentes que fazem do setor da moda um dos principais motores da economia nacional.