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António Costa: “Não é um tempo de demissões, é um tempo de soluções”

Foi quase com as mesmas palavras usadas, horas antes, por Constança Urbano de Sousa (“Não é momento de demissão é momento de ação”), que o primeiro-ministro garantiu – novamente – que não vai demitir a Ministra da Administração Interna.

“Não é um tempo de demissões, é um tempo de soluções”, disse António Costa aos jornalistas durante a conferência de imprensa dada esta noite.

Constança Urbano de Sousa tem causado polémica desde os fogos de Pedrógão e especialmente agora que pediu “resiliência” aos portugueses que viram familiares morrer ou que assistiram aos seus bens e terrenos arderem por completo. Também tem causado enorme consternação o facto de ter justificado sua não demissão com o facto de “ser muito mais fácil” demitir-se e “gozar as férias que não teve”.

Questionado pelos repórteres se garante que o Estado irá fazer tudo para se evitar nova tragédia, disse que sim.

O discurso do primeiro-ministro foi todo na base da ação e de tentar evitar uma repetição de Pedrógão Grande. Só que quase quatro meses depois de, pelo menos, 65 pessoas morrerem naquela zona, o país voltou a arder e a registar dezenas de mortos nos incêndios florestais: 35 é o último balanço.

“A prioridade ao combate não faz esquecer problemas. Lançámos há um ano a reforma da floresta, cumpre-nos executar”, foram outras das palavras do chefe de governo.

“A reforma da floresta não esgota consequências deste verão”, continuou, dizendo que “vão pôr em prática as recomendações do relatório do incêndio de Pedrógão Grande”, entregue há quatro dias.

Além de falar na reconstrução do território, na reparação dos danos e neste que é “um esforço participado e coletivo de toda a sociedade”, António Costa anunciou um Conselho de Ministros Extraordinário para o próximo sábado.

“Depois deste ano nada pode ficar como antes”, “É tempo de passar das palavras aos atos” e “Pedrógão será sempre um caso único pela dimensão trágica de perdas humanas e materiais” foram outras das declarações.

Pedrógão foi um caso único, mas “ontem houve mais de 500 ocorrências” fazendo de domingo, 15 de outubro, o pior dia deste ano em termos de incêndios.

“Temos algo que honrar. O dever de responder com maturidade àquilo que começamos com maturidade a construir”, continuou.

O que será feito agora é a questão que todos querem ver respondida. E foi respondida assim: “Depois da tragédia de Pedrógão estabeleceu-se um grande consenso de chamar especialistas”, existindo agora o “dever de respeitar as vítimas e o trabalho científico aqui feito”.

O primeiro-ministro admitiu que o sistema de prevenção e combate a fogos tem de ser melhorado e disse que foram accionados mecanismos de apoio internacional.

Amanhã, terça-feira, começa o primeiro de três dias de luto nacional.

O Presidente da República já emitiu um comunicado a dizer que irá ao terreno assim que os fogos sejam extintos, tendo cancelado entretanto a sua agenda.

Foto: Twitter