Off the record

Mãe de Teresa Guilherme satisfeita com o afastamento da filha dos reality shows

Lídia Ribeiro, de 82 anos, não faltou à apresentação do novo livro da filha, “Cheguei onde me esperavam”, ocorrida esta quarta-feira (5) na Fnac Chiado, em Lisboa.

Foi nesse evento que a mãe, orgulhosa, conversou abertamente com a Move Notícias sobre a filha de 62 anos. A carreira de Teresa Guilherme como apresentadora de reality shows, e também a vida familiar no Brasil, foram alguns dos assuntos abordados por Lídia.

O carinho que o público dá à filha é sentido “como se estivessem a fazer uma carícia a mim”, começou por confessar. Apesar de ter dado uma boa educação à sua menina, acredita que mesmo sem isso “ela seria capaz de chegar onde chegou”.

Por isso, ter ouvido as críticas feitas ao trabalho de Teresa Guilherme enquanto apresentadora de reality shows foi algo que a entristeceu, pois quem as fazia “não tinha razão”.

“Ela tinha noites perdidas a ler tudo, a ver as VTs todos os dias, a escrever…”, explicou Lídia, que via o quanto a filha se sentia igualmente triste com o sucedido.

O “boneco” de Teresa Guilherme enquanto apresentadora de reality shows
Lídia Ribeiro descreveu a apresentadora como “pura e verdadeira”, tanto fora da televisão como quando está a ser filmada. No entanto, os reality shows obrigavam-na a criar um “boneco”, pois “encara aquilo como trabalho e não se descuida”.

A mãe da comunicadora confessou não gostar desse formato televisivo, ainda que goste de ver a filha a apresentá-lo, pois “fá-lo bem” e consegue ir buscar aos concorrentes o que eles têm de melhor.

“Ela cansou-se muito, foram 12 anos. Já estava cansada do próprio boneco que criou”, revelou, confessando-se contente por a filha ter deixado de os apresentar: “Já chega destes programas”.

O único de que Lídia realmente gostou, e que lembra com saudade, foi do ‘Big Brother 1’, pois mãe e filha adoravam o vencedor, Zé Maria. Nos reality shows seguintes “eles já sabiam tudo e não eram tão ingénuos”.

Infância vivida no Brasil
A relação de ambas sempre foi recheada de cumplicidade, desde a infância até aos dias de hoje, e Teresa Guilherme seguiu sempre os conselhos que a mãe lhe dava. “Habituou-se a desabafar tudo comigo”, afirmou.

Em criança, já a estrela televisiva dizia: “a mamãe é que sabe”, pois era assim que Teresa a tratava no Brasil, local para onde foi viver com os pais quando tinha apenas meses de vida, tendo regressado aos seis anos para fazer os seus estudos em Portugal. “Se a mamãe não for, eu também não vou”, garantia na altura a menina à progenitora.

Teresa Guilherme nunca foi uma adolescente rebelde nem deu grandes trabalhos à mãe. “Trazia as amigas todas lá para casa e dormiam todas no sofá, porque ela nunca saía à noite, não gostava. Comigo é que ela gostava de sair para ir aos espetáculos, porque eu cantava e ela ia assistir à maquilhagem, ver os vestidos que se usavam… para ela aquilo era um encanto”.

Fadista de profissão, Lídia Ribeiro confessou não ter muitas saudades daquele tempo. “Era tudo muito desconhecido para mim, eu tinha 20 anos e era muito jovem para tanta responsabilidade. Estive a cuidar do marido e da filha e era tudo desconhecido”.

No entanto realçou a simpatia das pessoas que se cruzaram na sua vida enquanto lá viveu, e contou como estas se encantavam com a filha, que “já tinha aquele condão de comunicar”, e acenava para quem passava na rua.

“Anda cá. Queres conhecer a minha mamãe?”, perguntava Teresa Guilherme às pessoas com quem se cruzava.

Durante os anos vividos no Brasil, dos quais Teresa só se recorda “dos cheiros, do aroma da fruta” por ter saído de lá muito nova, reinava o medo por causa da insegurança no país.

Mas foi o suficiente para deixar a cara da TVI “apaixonada” pelo local, que visita sempre que pode.

Lidar com a personalidade emotiva da apresentadora
Chegou a ter algumas dificuldades em lidar com a maneira de ser da filha, o constante “estado em ebulição” em que sempre viveu devido ao trabalho, até que decidiu não dar tanta importância a essa faceta: “Eu habituei-me a que a minha filha chore porque sim, e chore porque não”.

Quem ajudou a ajudou a lidar com isso foi uma empregada da família, já falecida, e que é ainda recordada com muita saudade e emoção. “Quando ela me via preocupada e a chorar dizia ‘oh minha senhora, não fique assim… a senhora não vê que a menina chora porque sim, e chora porque não?’. Eu a partir daí acalmei-me”, contou.

Houve também outro episódio que fez com que começasse a relativizar os picos de humor de Teresa Guilherme. Aconteceu num domingo em que chegou a casa da filha para almoçar. “[A Teresa Guilherme] estava muito inquieta e disse ‘estou preocupada porque não estou nada preocupada…’, e achava que devia estar preocupada porque ia estrear um programa na semana seguinte”. Foi então que Lídia percebeu que a filha não iria mudar nesse sentido, e que teria de aceitar e habituar-se à sua personalidade.

Fotos: César Lomba