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Mais de metade das vítimas de Pedrógão Grande já foram identificadas

Foram confirmados até ao momento 64 mortos e 157 feridos, dos quais sete se encontram em estado grave, devido ao incêndio ocorrido na vila situada no distrito de Leiria este sábado, 17 de junho.

Hoje (20) foi confirmada a morte de mais uma família que residia em Lisboa, e que estava desaparecida desde sábado (17). O casal Miguel Costa e Mafalda Lacerda estava de férias com os filhos António e Joaquim, de seis e quatro anos respetivamente, e morreram no interior do carro quando fugiam ao fogo.

A família estava na companhia de mais quatro familiares, que foram encontrados hoje no interior de dois carros diferentes. Entre as vítimas está o pai e a madrasta de Miguel.

Já estão identificados mais de metade dos corpos, segundo as informações dadas pelo Ministério da Administração Interna. “Já estão a realizar-se há várias horas as autópsias médico-legais, que vão continuar a ser feitas durante toda a noite. O processo não para”, disse à agência Lusa fonte do Ministério, que não revelou o número concreto de corpos já identificados.

As autópsias médico-legais estão a ser feitas no Instituto Nacional de Medicina Legal de Coimbra, para onde foram os 64 corpos resultantes do incêndio, considerado o mais mortal de que há registo em Portugal. Entre as vítimas da tragédia, estão quatro crianças e alguns casais.

Rodrigo, de quatro anos, foi o primeiro rosto conhecido da tragédia. O menino encontrava-se de férias com o tio, Sidel Belchior, e os dois acabaram por morrer num acidente de viação enquanto tentavam fugir das chamas.

Sidel Belchior colidiu com o carro de Afonso Lopes Conceição, emigrante em França, que tinha chegado há poucos dias a Nodeirinho para passar férias com a família. O indivíduo seguia no carro com a mulher, que conseguiu escapar. O corpo de Afonso Lopes foi encontrado mais tarde carbonizado, perto de casa.

Avó e neta, residentes em Nodeirinho, foram também vítimas da tragédia. A pequena Bianca, de apenas quatro anos, morreu cercada pelas chamas na estrada, tal como a avó, pouco depois de terem deixado a aldeia. A mãe da menina, Gina, de 39 anos, o marido e o irmão, de 19, também seguiam no automóvel e fugiram para pedir ajuda. Os três estão agora no hospital, em estado grave, segundo informações dadas pelos amigos.

O casal José Maria e São Graça, de 68 e 66 anos respetivamente, moravam na Bobadela, concelho de Loures. Os dois foram passar o fim de semana na aldeia de Vila Facaia e, apesar de terem tentado escapar do fogo ao fugirem de carro, acabaram por ser apanhados pelas chamas na Estrada Nacional 236.

Morreu também o casal Cristina e Eduardo Costa, na Estrada Nacional 236. Viviam na Pontinha, em Odivelas, e deixaram assim um casal de filhos, de 20 e 24 anos. As vítimas tinham ido passar o fim de semana com a mãe de Eduardo Costa, que conseguiu sobreviver ao incêndio e está hospitalizada. O corpo de Cristina Costa acabou por ser identificado pelo irmão.

Fernando Abreu, na casa dos 60, morreu encarcerado no carro com a mulher e os pais. Era residente de Monte Abraão, em Queluz, e tinha-se reformado há pouco tempo.

Uma mãe e os dois filhos, de quatro e seis anos, naturais de Vila Facaia, tentaram fugir de carro quando as chamas se aproximaram de casa, mas foram apanhadas pelo fogo e morreram encurralados. O pai, que ficou perto de casa enquanto a família tentava escapar, sobreviveu.

Morreu igualmente uma família, natural de Sacavém. Martim, de dois anos, e Bianca, de quatro, tinham ido com os pais, Lígia Sousa e Sérgio Machado, à Praia das Rocas, um complexo balnear em Castanheira de Pera. “Infelizmente tudo se confirmou. Os meus primos e os seus meninos estão desde sábado no céu. Obrigada a todos que se preocuparam, partilharam e ajudaram em tudo o que puderam”, escreveu uma familiar, Liliana Bento, no Facebook.

Mário Carvalho também morreu, tal como o sobrinho, Diogo Carvalho, na beira da estrada da aldeia de Nodeirinho. Os dois iam tentar ver como estavam as máquinas de que precisavam para trabalhar, e tornaram-se vítimas da tragédia.

O casal Vasco e Luísa Rosa viviam em Lisboa, mas tinham casa em Nodeirinho, onde acabaram por ser colhidos pelas chamas tal como o filho, de acordo com as informações dadas pelos amigos do casal.

Houve duas famílias que tentaram escapar ao incêndio em dois carros, na aldeia de Pobrais. As oito pessoas acabaram por perder a vida um quilómetro depois, cercadas pelas chamas. Fátima de Carvalho, o marido Jaime, o filho Ricardo e a nora Ana seguiam num dos carros.

Na Estrada Nacional 236-1, onde a maior parte das viaturas ficou encurralada e onde se registaram vários acidentes, houve um que envolveu um ligeiro de passageiros e um camião dos bombeiros de Castanheira de Pera. O automóvel ficou imobilizado no local e acabou por ser apanhado pelas chamas, tendo os ocupantes perdido a vida. Os bombeiros que tentaram salvá-los ficaram feridos.

Um bombeiro de Castanheira de Pera que se encontrava hospitalizado acabou por morrer, esta segunda-feira, confirmou o presidente da Liga de Bombeiros, Jaime Marta Soares. Gonçalo Conceição tinha 40 anos e estava internado no Hospital da Universidade de Coimbra.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês também já veio afirmar que um cidadão de origem francesa morreu no incêndio de Pedrógão Grande.

Fotos: Redes sociais