Álbuns da Semana

A fuga à solidão com um recorde de vendas e a música feita no seio da dor

Nasceu em terras de Vera Cruz mas apaixonou-se por Portugal e, nos últimos dois anos, fez de Lisboa a sua casa. Foi também na capital lusitana que lançou, no passado mês de fevereiro, o quinto álbum de originais da sua carreira.

‘Voá’foi o nome que o cantor, compositor e músico mineiro, Momo, deu a esse seu mais recente trabalho. Nele revela a sua faceta mais expansiva e positiva, abandonando a melancolia que sobressai de álbuns como, por exemplo, o anterior, Cadafalso (2013) de seu nome.

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Momo, nome artístico de Marcelo Frota, não chega a ser extrovertido em ‘Voá’, mas é claramente influenciado pelo nosso país. Para este disco, de resto, convidou duas vozes portuguesas para colaborarem consigo, no caso Rita Redshoes em ‘Mimo’ e o fadista Camané no tema ‘Alfama’.

A poesia está presente em quase todas as canções. Momo oferece-lhes a voz e o violão, enquanto que Marcelo Camelo, outro compatriota apaixonado por Lisboa e que foi responsável pela gravação e produção do seu novo álbum, ficou a cargo de vários outros instrumentos.

‘Esse mar’, o tema no qual afasta a solidão como o mistério que lhe é reconhecido, é o que lhe sugerimos para ouvir desde já.

De um trabalho feito para um público específico passamos para o álbum mais vendido no mundo inteiro, no decorrer desta semana. É de ‘Divide’ que estamos a falar, o mais recente trabalho do cantor e compositor Ed Sheeran.

Com apenas 26 anos, o britânico não pára de bater recordes com este novo álbum, seja em vendas físicas ou em execuções digitais. A cereja no topo do bolo é o facto de todas as faixas de ‘Divide’ terem ido parar ao Top 20 de singles no Reino Unido.

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Ed Sheeran vive, desta forma, o melhor momento da sua carreira, com o mundo inteiro a reconhecer a sua qualidade, sucesso e importância na indústria da música. O disco lançado no passado dia 3 de março prolonga-se por 46 minutos divididos por 12 músicas, sendo que a sonoridade vagueia pelos estilos pop, folk e rap. Quanto às letras, essas são doce na sua generalidade e delas sobressaem alguns pormenores autobiográficos.

Escolher um dos temas para lhe mostrar é, por razões óbvias, uma tarefa bastante complicada, tal a qualidade que brota de cada um dels. Acabamos por escolher ‘Castle On The Hill’ pelo espírito libertino e, simultaneamente, apaixonado. Afinal de contas, não foi por um mero acaso que esse tema virou single.

Para fechar em alta as nossas sugestões musicais para a semana, passamos de um autor consagrado por diversos recordes para um outro que só agora se começa a mostrar a solo.

‘Process’ é o álbum de estúdio de estreia de Sampha, um artista na verdadeira aceção da palavra que já se vinha a dar a conhecer desde o início desta década, não só pelos dois EP’s que colocou no mercado, mas também pelas colaborações que fez para outros artistas da atualidade, como por exemplo Drake, Beyoncé ou Kanye West.

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Este trabalho é muito mais do que o homem e o piano que estão presentes em todos os temas. ‘Process’ leva-nos ao espaço, num estilo metafórico escolhido pelo seu compositor no sentido de mostrar o que é estar na ribalta, local onde começa a dar os seus primeiros passos e, por outro lado, se pretende fixar.

De qualquer forma, Sampha também traz muito das suas vivências emocionais a este trabalho, centrando-se nos dramas familiares que experienciou. Ainda era adolescente quando viu um problema de saúde deixar um dos seus irmãos fisicamente incapacitado. Depois, viu o seu pai perder a luta contra um cancro do pulmão, problema com o qual novamente se deparou, uns anos mais tarde, em 2015, vitimando agora a sua mãe.

Apesar de marcado pela dor, este álbum tem uma beleza notória. Em junho poderá ouvi-lo ao vivo no Primavera Sound e, até lá, tome contato com ele a partir do tema Blood On Me.