Saúde & bem-estar

Cientistas conseguem restaurar fertilidade de mulher após doença

É um “passo inovador nesta área de preservação da fertilidade” e tem potencial para ajudar outras jovens a preservar a sua fertilidade no futuro.

As palavras são do presidente da Sociedade Britânica de Fertilidade, Adam Balen, e referem-se ao caso de uma mulher em Londres que se tornou na primeira a dar à luz depois de ter visto a sua fertilidade restaurada com tecido do seu próprio ovário, congelado antes do início da puberdade.

Moaza Al Matrooshi, de 24 anos, retirou o ovário direito aos nove anos por causa de um tratamento de quimioterapia para uma doença grave de sangue, segundo a Universidade de Leeds, local onde o ovário foi congelado.

A sua fertilidade foi restaurada após o tecido preservado ter sido transplantado o ano passado, referiu a universidade.

“É a primeira vez que o procedimento é feito com sucesso numa menina em pré-puberdade e eu estou feliz que esta jovem tenha tido o seu bebé”, disse Helen Picton, chefe da divisão de reprodução e desenvolvimento inicial da universidade.

“É um milagre. Estive tanto tempo a esperar por este resultado (…) um bebé saudável”, disse a jovem à BBC, após ter dado à luz, este mês, num hospital privado de Londres.

Moaza Al Matrooshi, natural do Dubai, nasceu com talassemia beta, uma doença de sangue hereditária que afeta a produção de glóbulos vermelhos e pode ser fatal se não for tratada.

A jovem teve de fazer quimioterapia para se preparar para um transplante da medula óssea para tratar a doença, mas o tratamento danificou o seu ovário remanescente, fazendo com que iniciasse a menopausa aos 20 anos.

“Após o transplante, os seus níveis hormonais começaram a voltar ao normal, ela começou a ovular e a sua fertilidade foi restaurada”, explicou a universidade.

A especialista em ginecologia e fertilidade, Sara Mathews, diz que o sucesso desta gravidez traz a mesma esperança para jovens que correm o risco de não poderem ser mães após serem submetidas a tratamentos contra o cancro ou após enfrentarem disfunções sanguíneas ou imunológicas.

“É um grande avanço. Sabíamos que o transplante de tecido do ovário funcionava em mulheres mais velhas, mas não se seria possível recolher amostras de uma criança, congelá-las e torná-las funcionais novamente”, adiantou Mathews.