Saúde & bem-estar

Suplementos de cálcio podem ser prejudiciais para o coração

Suplementos de cálcio podem danificar o coração. A conclusão é de um estudo publicado no ‘Journal of the American Heart Association’, a ingestão exagerada de suplementos do mineral eleva o risco de acumular placas nas artérias e danos ao órgão. Por outro lado, manter uma alimentação rica em cálcio pode beneficiar a saúde cardíaca.

“Quando o assunto é o uso de suplementos de vitaminas e minerais, particularmente de cálcio para a saúde dos ossos, muitos pacientes acham que quanto mais é sempre melhor. Mas o nosso estudo oferece evidências de que o excesso de cálcio na forma de suplementos pode prejudicar o coração e o sistema vascular”, afirmou Erin Michos, uma das autoras do estudo e vice-diretora de cardiologia preventiva e professora da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

No estudo, os pesquisadores procuraram investigar se há diferença entre o cálcio ingerido na alimentação e por suplementos. Para isso, acompanharam 2700 pessoas, com idade entre 45 e 84 anos.

Em 2000, no início do estudo, os participantes responderam a um questionário sobre seus hábitos alimentares, o que permitiu aos pesquisadores avaliarem a quantidade de cálcio ingerida pelos participantes a partir do consumo de produtos como laticínios, verduras e outros alimentos ricos ou enriquecidos com o mineral, como cereais matinais e suplementos ingeridos.

Por fim, eles foram submetidos a exames de tomografia computadorizada para medir a taxa de cálcio nas artérias coronárias, um marcador de risco de desenvolvimento de doenças no coração. Dez anos depois esse processo foi repetido em todos os participantes para avaliar se as placas haviam aumentado, diminuído ou aparecido nos que estavam livres delas.

Inicialmente, os cientistas dividiram os voluntários em cinco grupos baseados no total de cálcio ingerido na dieta ou por suplementos. Depois de ajustarem os dados de acordo com a idade, sexo, etnia, prática de exercícios, tabagismo, educação, peso, uso de álcool, pressão sanguínea, glicemia e histórico médico familiar dos participantes, os cientistas separaram os 20% deles com maior consumo total de cálcio – acima de 1,4 grama por dia – e os 20% com menor ingestão do mineral – abaixo de 400 miligramas diários.

Os resultados mostraram que o subgrupo com maior ingestão tinha 27% menos chances de desenvolver problemas no coração graças à acomulação de cálcio nas artérias coronárias do que os 20% com menor ingestão do mineral.

Em seguida, os pesquisadores decidiram focar-se nas diferenças entre aqueles cujo cálcio vinha apenas da dieta e os que obtinham o mineral com o apoio de suplementos. Tendo em conta os mesmos fatores externos da análise anterior, os cientistas concluíram que os usuários de suplementos tinham uma chance 22% maior de terem suas taxas de cálcio nas artérias coronárias aumentadas ao longo de uma década.

Já entre os participantes com grande ingestão de cálcio – mais de 1022 miligramas por dia – exclusivamente por meio da dieta não houve aumento na taxa de cálcio nas artérias coronárias, e consequentemente no risco de problemas cardíacos associados a esse marcador.

“Há claramente algo diferente na forma como o corpo usa e responde aos suplementos frente à ingestão pela dieta que os torna mais perigosos. Pode ser porque os suplementos contêm sais de cálcio ou pode ser que isso aconteça por se tomar uma grande dose de uma vez que o corpo não seja capaz de processar”, comenta John Anderson, coautor do estudo e professor emérito de nutrição da Universidade da Carolina do Norte.

Diante desses resultados, os autores ressalvam que se houver a carência de cálcio e os pacientes decidirem tomar suplementos de cálcio, isso deve ser discutido com um médico, tanto devido à dosagem quanto à real necessidade da suplementação.

Entretanto, além dos problemas cardíacos, o consumo excessivo de cálcio pode levar ao desenvolvimento de cálculo renal. Algumas fontes naturais do mineral são: leite e derivados, verduras verde-escuras, sementes, algas, leguminosas, marisco, tofu, ovos e nozes.