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Um ano depois da tragédia, ainda se lembra de Alan Kurdi?

Há um ano, o mundo acordava chocado por uma fotografia captada na costa da Turquia. Registada por Nilufer Demir, a imagem mostrava o corpo de uma criança numa praia, morta, vítima do naufrágio do barco que a devia ter levado até à Europa, para longe da guerra, para uma vida melhor e com mais oportunidades, diferente daquela que, junto com a família, tinha deixado para trás. A criança era Alan Kurdi, um bebé sírio de três anos que desde logo se tornou um símbolo do conflito.

No dia que se assinala a fatídica perda, o pai do menino deu uma entrevista emocionada à BBC onde falou da dificuldade com que vive desde então e da esperança que tem de que os líderes mundiais possam parar a guerra na Síria. Adullah apelou ainda para que aos países europeus mantenham as portas abertas para os refugiados.

O homem, que fugira com a mulher, Rehan, o pequeno Alan e outro filho, Galip, de 5 anos, para tentar chegar ao Canadá, onde viviam já familiares, foi o único sobrevivente da tentativa de travessia de barco entre a Turquia e a Grécia, na qual morreram pelo menos outras nove pessoas.

“Todos os dias penso neles, mas hoje sinto-me como se tivessem vindo até mim e dormido comigo. Isso entristeceu-me outra vez”, desabafou Adullah lembrando que quando foi divulgada a imagem “toda a gente queria fazer alguma coisa” no entanto, embora a fotografia tenha “comovido o mundo”, “as pessoas continuam a morrer e ninguém faz nada”.

A verdade é que o números falam por si e evidenciam o o drama de milhares de pessoas que fogem de cenários atrozes que se vivem um pouco por todo o mundo. Guerra, perseguições, miséria e o desejo de uma vida melhor são os motivos que leva, ainda hoje, tanta gente a arriscar a própria vida e a daqueles que quer bem.

Em 2015, mais de um milhão de refugiados chegaram ao continente europeu e desde o início do ano estima-se que cerca de 283 mil pessoas tenham entrado na Europa.

De acordo com a Save the Children, o número de crianças migrantes e refugiadas que chegam aos países europeus representa 40% das pessoas que cruzam o Mediterrâneo. Desde a morte de Alan, foram registados mais 423 óbitos com idades compreendidas entre os dois e os 15 anos.

Uma calamidade sem fim à vista!