Álbuns da Semana

Do samba à maturidade musical com paragem obrigatória numa zona melancólica

Maria Rita, filha de Elis Regina, é natural de São Paulo, fez 39 anos a 9 de setembro, e mostra-se definitivamente instalada no universo do samba.

“O Samba em Mim – Ao Vivo na Lapa” é o terceiro álbum ao vivo da cantora e a maior prova do que acabamos de escrever. Gravado no referido bairro boémio e cultural do Rio de Janeiro, naquele que foi o espectáculo de encerramento da digressão “Coração a Batucar”, este disco lançado no formato CD e DVD (20 e 13 faixas, respetivamente) surge sobretudo para satisfazer os pedidos dos fãs da brasileira.

mariarita

“Foi também por isso que fiz questão de enfatizar a participação da plateia. Orientei a equipa de áudio para prestar muita atenção na captação do canto do público. Eles sabem cada nota, cada pedaço do arranjo e acompanham na perfeição, cantam junto, gritam… É muito louco e gratificante”, explicou a cantora numa recente entrevista.

Neste álbum podem ouvir-se os sucessos interpretados por Maria Rita ao longo da sua carreira, mas apesar das críticas positivas o trabalho também esteve envolto em polémica, uma vez que os primeiros CDs a chegarem às lojas trouxeram uma faixa trocada. No entanto, a editora logo anunciou a substituição gratuita a quem já havia adquirido o álbum.

Apesar desse pequeno percalço, a qualidade e animação continuam todas lá, conforme pode conferir em “Do Fundo do Nosso Quintal”:

Passando do samba para o folk-rock psicodélico (uma manifestação da mente que produz efeitos profundos sobre a experiência consciente), batemos de frente com Devendra Banhart, cantor e compositor norte-americano, de 35 anos, cujo mais recente trabalho, “Ape in Pink Marble”, tem data de lançamento marcada para o próximo dia 23 de setembro.

Trata-se do nono álbum do músico e surge três anos depois de “Mala”. Tal como nesse trabalho de 2013, também este foi feito em parceria com os músicos Noah Georgeson e Josiah Steinbrick.

devendrabanhart

Ainda assim, apenas três dos treze temas deste disco não tiveram as letras escritas por Devendra Banhart, músico assumidamente influenciado por Bob Dylan, Caetano Veloso e pela banda brasileira “Secos e Molhados.”

“Este disco reflete muitas perdas, especialmente da minha parte. Perdi o meu pai biológico, amigos próximos, um dos meus professores… Não diria que foi exactamente um disco divertido”, advertiu Banhart.

Mais animadas, só mesmo os temas “Fancy Man” e “Fig in leather”, quanto ao resto pode esperar um som tranquilo a roçar a melancolia, conforme atesta este tema (“Saturday Night”) que lhe deixamos aqui:

A terminar as nossas sugestões musicais para esta semana, apresentamos-lhe “My Woman”, o álbum que marca a emancipação de Angel Olsen.

Prestes a completar 30 anos, sobressaiu com o seu segundo álbum, “Burn Your Fire For No Witness”, lançado em 2014. Agora, está de volta com um trabalho no qual se destacam as letras, guitarras e baladas poderosas.

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Sem abandonar o seu estilo folk-rock, Angel traz com ela, em “My Woman”, uma voz harmoniosa a servir de base a temas sinceros e apaixonados. As dúvidas existenciais permanecem por lá, mas são agora vistas por uma perspetiva amadurecida.

O novo álbum, que foi lançado a 2 de setembro último, envolve, cativa e agarra quem o ouve e promete ser um dos grandes destaques deste ano de 2016. São 10 temas que vincam a identidade da sua autora, o mais longo tem quase oito minutos, mas todos eles conseguem fugir ao rótulo de cansativo.

Comprove isso mesmo em “Shut Up Kiss Me”: